sexta-feira, 20 de abril de 2018
Mulheres Pastoras? De favorável à contrário: como mudei de ideia em relação a essa questão
Não, eu não mudei de posicionamento em relação à questão do ministério. Seguindo a Escritura Sagrada, defendo que somente homens, alguns homens, não todos, deveriam ser ordenados ao Santo Ministério. O texto que segue é um artigo publicado pelo Rev. Louis Smith, que foi pastor da Igreja Evangélica Luterana na América (ELCA) nos Estados Unidos. O autor mudou de ideia em relação à questão da ordenação de mulheres ao ministério pastoral: de favorável passou a ser contrário.
Como Minha Mente Mudou [1]Louis A. Smith[2]
A revista The Christian Century costumava publicar uma série periódica intitulada “Como Minha Mente Mudou”. Ela era uma oportunidade para os escritores refletirem publicamente no que e por quê? da migração em seus pensamentos em matérias da fé da Igreja. Eu quero agora me submeter a tal exercício. É um empreendimento útil, salutar e potencialmente perigoso. Quando feito publicamente há o risco de afastar-se de amigos e, talvez, confortar oponentes. Se isso acontecer neste caso particular, essa absolutamente não foi a intenção. Que desgraça, a lei da consequência não intencional algumas vezes parece inviolável!
Todavia, há uma questão de prestação de contas envolvida. Tomar uma posição pública em qualquer matéria não é uma coisa pequena. Em questão de fé, as fogueias tem seu fogo intensificado já que o Deus Triúno é parte do público. Todas as nossas palavras são pronunciadas diante dele, o que significa que não são palavras insignificantes. Temos que prestar contas do que dizemos. Quando o orador é alguém a quem o Ofício do Santo Ministério foi confiado, ele precisa, sem dúvida, prestar contas, tanto no que diz respeito à sua pessoa e seu ofício.
Tomar uma posição pública também significa que a mudança da mente de alguém é questão de prestação de contas pública. É uma questão de mudar o registro público. Não é exatamente arrependimento, é muito semelhante a isso. A maioria de nossos pecados (Deo gratias) não causa escândalo público e (Deo gratias) e seus efeitos são menores do que poderiam ser. Confissão e Absolvição particular normalmente são suficientes para lidar com isso. Mas alguns de nossos pecados são públicos e causam escândalo, assim requerendo penas públicas. De forma similar, a maior parte de nossas palavras não são suficientemente noticiadas publicamente para precisar de uma correção pública. Mas, às vezes, elas são. E, quando nós mudamos a nossa mente sobre tais palavras públicas, precisamos mudá-las publicamente.
A questão sobre a qual minha mente mudou é a ordenação de mulheres. Já que eu fui um defensor público disso e isso está registrado, agora eu quero publicamente registrar minha mudança de mente e também prestar contas disso.
Quando a Igreja Luterana Americana [3] (1970) e a Igreja Luterana na América [4] (1972) optaram por ordenar mulheres, eu fui a favor disso. Eu emprestei minha voz para esse empreendimento, recrutei mulheres para a categoria e ainda olhei para aquelas mulheres como a fonte de renovação para a Igreja. Porém, como o passar do tempo, algumas coisas imprevistas por mim tornaram-se aparentes.
Primeiro, comecei a perceber que as mulheres que vinham para o Ministério, como um todo, eram basicamente do mesmo tipo dos homens. Não há nada necessariamente errado com isso. Mas nesse caso, à medida em que os anos 80 foram se movendo para os anos 90, mais e mais homens e mulheres vieram ao Ministério com mínimos históricos substancialmente problemáticos e categorizados. Eles não vinham com comprometimento para com a Igreja e sua verdade mas com mentes – feridas por casamentos mal sucedidos, más experiências de trabalho e outros traumas – à procura de conforto religioso. No que diz respeito a isso, parece que havia pouca diferença entre homens e mulheres. Porém, as mulheres trouxeram uma peça de bagagem extra com elas: a religião feminista. É, ou ao menos deve ser, de nenhum segredo que essa religião neo-pagã, profundamente entrincheirada na academia da religião moderna, é de sentimento de aversão à fé cristã. Todavia ela tem trabalhado para fazer surgir uma falsa percepção em muitas mulheres, especialmente as inclinadas religiosamente, que retrata-as como vítimas de uma cultura religiosa “patriarcal” que está incorporada na Igreja histórica e promete-as uma nova “interpretação” da Bíblia e a revisão da fé cristã.
Essa revisão, por meio de nossos seminários, que são todos muito devedores à academia da religião moderna, foi levada para dentro da vida paroquial da Igreja por mulheres feministas clérigas bem como por seus apoiadores do sexo masculino. Esse movimento é manifesto nas monstruosidades da, assim chamada, linguagem inclusiva e de relações sexuais fora do casamento. Essa manifestação é apenas a ponta o iceberg; abaixo da superfície está a rejeição do Deus da Escritura em favor das deidades subterrâneas contra as quais a Bíblia foi escrita. Agora a religião humana veio para substituir a revelação bíblica e divina.
Ao mesmo tempo em que eu estava me dando conta disso, comecei a ouvir as vozes de algumas das melhores e mais brilhantes mulheres que já foram ordenadas. Não é que nesse ponto elas questionaram suas próprias ordenações, mas o que elas questionaram foi a suficiência das propostas racionais e exegéticas que haviam sido usadas para apoiar a decisão de ordená-las. Para mim isso caiu como um raio. As propostas exegéticas que legitimaram a ordenação foram colocadas sob os métodos exegéticos nos quais eu havia sido instruído, isto é, o método histórico crítico. Eu comecei a rever a origem do método histórico crítico e rapidamente pude ver que embutido dentro do método estava o esforço para colocar um compartimento de separação entre o ensino da igreja e as Escrituras Sagradas e, dessa forma, minar a autoridade dogmática da Igreja.
É verdade que o método histórico crítico no qual eu fui instruído era de uma modalidade mais moderada. Seu produto foi o assim chamado Movimento Bíblico Teológico, que caracterizou o trabalho de exegetas como G. Ernest Wright, William F. Albright, nos Estados Unidos da América, e Gerhard von Rad, H.W. Manson, Joachim Jeremias, C.H. Dodd, na Europa. Sem dúvida, algumas das colocações desses exegetas foram muito edificantes, especialmente naqueles pontos onde o histórico precedeu o crítico. Mas as sementes da destruição já haviam sido semeadas. Isso seria visto na lacuna entre a teologia bíblica e a dogmática. Visto que muito da tarefa dogmática foi assumida sob a categoria geral da teologia sistemática, o que deveria ter sido visto não foi reconhecido.
Além disso, esse método histórico crítico de interpretação bíblica esteve em conexão com dois campos de força da academia: conduzir para a novidade em pesquisa, caracterizada pelo cliché “publique ou pereça”, que no seminário tornou-se “publique ou paróquia” [5]; e o surgimento do desconstrucionismo, que praticamente tornou o texto um brinquedo do intérprete, tornando a exegese em eisegese. O resultado final foram interpretações forçadas que eram cada vez mais fantasiosas e ideológicas – com a ideologia feminista, mas não eram fracas de descrições.
Essa combinação de fatores e seus impactos negativos na vida da Igreja não puderam ser evitados e isso requer que eu volte ao ponto de partida de meu pensamento. Durante essa reflexão, finalmente duas coisas destacaram-se – um elemento ecumênico e um elemento bíblico. O elemento ecumênico é simples e óbvio. A ordenação de mulheres é uma novidade recente na Igreja, uma novidade introduzida sem a maior parte da Igreja ter sido consultada – Catolicismo Romano, Catolicismo Ortodoxo Oriental e Igrejas dos Terceiro Mundo. As denominações Luteranas na América do Norte que fizeram essa mudança não se preocuparam em nada com a opinião de outros companheiros Luteranos Norte-americanos. Essa mudança foi arrogante e sectária, não dignas de denominações que pretendem viver como parte da una sancta catholica ecclesia. Partindo da perspectiva ecumênica essa foi uma decisão que nunca deveria ter sido tomada, mesmo que ela viesse a partir de uma votação.
Qual era a força que estava por detrás dessa mudança? Eu posso apenas concluir que eram as forças sociais infiltradas na vida da Igreja. E nós cedemos.
O elemento bíblico é apenas um pouco mais complexo. Por alguma razão Luteranos (especialmente na ELCA [6]) ficam aterrorizados de serem chamados de “fundamentalistas”, embora ambos o acusador e o acusado raramente sabem o que é fundamentalismo. Dessa forma, quando a Escritura é citada em afirmação contrária à ordenação de mulheres, quem faz a afirmação (incluindo eu mesmo) tem sido facilmente destruído. Mas seria um erro pensar que a questão bíblica aqui presente poderia ser resolvida meramente por apelar para esse ou aquele texto. Ao invés disso, uma grandiosa revisão da realidade bíblica é requerida; essa realidade revelaria o que forma a base de vários textos que são postos na mesa.
Embora o espaço desse artigo não possibilite uma completa revisão nesse ponto, quero mencionar duas coisas. Primeiro, a linguagem nupcial da Bíblia para o relacionamento entre Cristo e a Igreja, o SENHOR e Israel. Se isso não é uma mera metáfora, mas, ao invés disso, a expressão de alguma realidade fundamental sobre Cristo e sua Igreja, a Igreja é sempre ela em relação ao seu marido Cristo. E se o Ofício do Santo Ministério tem um fundamento Cristológico, então pode muito bem ser dito que na Santa Liturgia Cristo, por meio de seu ministro, está conversando com a sua noiva, então a lógica por detrás das admoestações de Paulo no que diz respeito às mulheres podem se tornar transparentes.
Segundo, recebi bastante ajuda para compreender a base bíblica da exclusão das mulheres ao ministério por meio do trabalho de William Weinrich, professor do Concordia Teological Seminary (Forth Wayne) e John Kleinig, professor no Luther Seminary na Austrália. Graças a eles muitas coisas se tornaram claras para mim. Primeiro, a restrição bíblica do ofício pastoral para homens, ao invés de ser uma submissão à antiguidade da cultura tardia do Mediterrâneo, é de fato um coisa exclusivamente bíblica. O mundo que circundava a Igreja do Novo Testamento estava cheio de mulheres que desempenhavam funções de liderança religiosa. Mesmo no Novo Testamento mulheres tiveram funções que podem ser considerados de “liderança”. (Nossa dificuldade presente pode estar enraizada na terminologia moderna de “liderança”, que obscurece a diferença e complementaridade de uma variedade de funções). Se a Igreja Apostólica tivesse cedido à sociedade que a circundava, ela teria muito provavelmente incluído mulheres ao invés de ter as ter excluído do ministério ordenado.
Segundo, tenho visto muito mais claramente as ricas contribuições para a Igreja e a expansão do Evangelho, ao longo da história da igreja, que tem sido feitas por mulheres fora do ministério ordenado. O artigo do professor Weinrich, “Mulheres na História da Igreja: estudiosas e santas, mas não pastoras”[7] é um curso de dezessete páginas que desafia nosso entendimento comum da história da Igreja no que diz respeito às mulheres. O artigo de forma efetiva reorienta nossa forma de olhar para a liderança na Igreja em geral e o ofício pastoral de forma particular. Pode ser que homens que exerceram o ofício do ministério de maneiras não tão fiel carreguem uma porção de culpa por nossas visões distorcidas do Santo Ministério e então pressionam de alguma forma a fim de compensar isso incluindo mulheres ao ministério. Mas eu argumento que alguém não consegue endireitar uma linha torta forçando-a mais ainda para o lado torto.
Terceiro, esses professores deixaram claro para mim que a Bíblia dá testemunho à divina realidade que toma forma na vida concreta da Igreja e é verdadeiramente contracultural no que diz respeito à todas as culturas do mundo, e que essa cultura eclesiástica pode bem ser chamada de cultura do Evangelho. É verdade que o Evangelho interage dialeticamente com cada cultura diferente encontrada, tais culturas sendo uma encarnação específica da Lei de Deus, surgindo como resultado uma e não a cultura cristã. Mas essas “culturas cristãs” não são nem Evangelho nem sua cultura. Ao invés disso, elas são novas versões da lei, disponíveis para apego posterior ao Evangelho. O que a Igreja corretamente preserva em sua vida interna não é nenhuma dessas “culturas cristãs” mas a própria cultura do Evangelho. Dentro dessa cultura a ordenação de homens para o Santo Ministério desempenha uma função peculiar, que é complementar a todas as outras funções. A importação do modelo secular de igualitarismo, mesmo que “justificado” por Gálatas 3.28, não pode fazer nada mas apenas distorce essa imagem.
O que, então, deve ser feito no que diz respeito ao fato consumado da ordenação de mulheres hoje? Várias coisas devem ser ditas e a primeira é bem simples: Parem! Esta é a primeira coisa a ser feita quando alguém percebe que alguma coisa danosa está sendo realizada. Isso requer, como sempre é o caso, “engolir o sapo”. Mas é necessário. No presente cenário, isto significaria dizer para as mulheres que estão matriculadas e estudando nos seminários que nós erramos quando as recrutamos e as levamos a ter falsas esperanças. Elas podem, é claro, continuar seus estudos, se assim o desejarem, e ainda buscar trabalho na Igreja. Mas não será permitido a elas serem ordenadas. (Para as ortodoxas e qualificadas há uma série de posições para não ordenadas que podem usar pessoas teologicamente treinadas, incluindo o ensino de teologia em universidades ou seminários). Mesmo que seja duro para todos os envolvidos, este é um primeiro passo necessário.
O próximo passo: teríamos que buscar uma forma humana para lidar com aquelas que já foram ordenadas. Este passo é mais complicado bem como sufocante. Algumas, é claro, podem escolher mudar de denominação. Isso tornaria (eu imagino), de certa forma, as coisas mais fáceis para nós, mas não deveria de forma alguma ser visto como a solução para a dificuldade. Nós poderíamos tomar a decisão de olhar para a situação presente como uma situação emergencial. (a história de Débora em Juízes pode ser um modelo bíblico). Com certeza, essa “emergência” é uma das que a própria Igreja criou. Mas esse é provavelmente o caso com a maior parte das emergências que a Igreja enfrentou, isto é, que a fonte da emergência está dentro da própria Igreja. Essas situações sempre requerem e permitem medidas temporárias emergenciais. Assim, podemos dizer que àquelas mulheres que estão ordenadas seria permitido continuarem a servir no local onde estão chamadas até que tomem outras decisões ou se aposentem. Algumas poderiam bem escolher voltar a ser leigas ou assumir posições em ministérios diaconais ou docentes, assim continuando empregadas e usando seus estudos. Em todas as situações, porém, às mulheres hoje ordenadas seria permitido continuarem servindo.
Sou obrigado a dizer alguma coisa em lugar daquelas mulheres que desde o princípio de seu ministério permaneceram fiéis à “Confissão Luterana da fé Bíblica da Igreja católica” (como eu a chamo). Há um número delas, algumas das quais eu vim a conhecer pessoalmente e a estimar como colegas e companheiras sofredoras contra as coisas danosas que afetam a ELCA nesses dias (espero que elas saibam de quem eu estou falando). Primeiro, eu venho a dizer que tenho um enorme respeito e admiração por seu trabalho. Diferentemente de carreiras e profissões, o Ofício do Santo Ministério põe a pessoa num estilo de vida. O comprometimento com a tarefa geralmente resulta em contrariar a rotina familiar – argumentos para o celibato sacerdotal não são de todo ruins – com grandes cargas para carregar e manter cobrança da estabilidade que caem sobre mães que, especialmente na vida de crianças pequenas, são insubstituíveis até pelo melhor e mais bem-intencionado dos pais. Assim, mulheres fiéis tiveram que assumir dois trabalhos de tempo integral: tempo integral nesse caso significa estar à disposição vinte e quatro horas por dia como mãe e como pastora. Que elas tenham sobrevivido e ainda prosperado em tais circunstancias foi unicamente devido ao ato gracioso da parte de Deus. Seus esforços em tais condições causam mais admiração e gratidão a Deus pelo fato de as ter sustentado.
Eu também quero dizer que não é desonrante a uma pessoa dizer que elas não podem assumir o ofício do Ministério. Fosse esse o caso, a maior parte do corpo de Cristo estaria sendo desonrado. (Pode ser que a aplicação do termo “ministério” para cada atividade concebível uma indicação que nós desonramos o sacerdócio universal? E pode isso ter contribuído para a incapacidade de tratar a ordenação limitada a homens como o modelo bíblico?). Quando eu sugiro que para a Igreja ordenar mulheres para o Ministério foi um erro, isso significa que de forma alguma se está dizendo algo sobre a pessoa ou a integridade daquelas mulheres que foram ordenadas. Nem significa dizer alguma coisa sobre seu talento ou capacidade de servir em outros aspectos de liderança na Igreja.
Todavia, se por razões bíblicas e ecumênicas não deveríamos ordenar mulheres ao ofício pastoral da pregação e administração dos sacramentos, nós não estamos fazendo algum favor às mulheres que estamos ordenando. Quando São Paulo em Romanos 12 trata a Igreja como Corpo de Cristo, ele lida com ambas, unidade e diversidade. A diversidade entre membros não exclui a igualdade diante de Deus; nem a igualdade diante de Deus dispensa a diversidade. É precisamente a diversidade que produz a unidade do Corpo de Cristo já que a diversidade dos membros existe como uma rede de complementaridade. Quando o apóstolo nos chama a pensar não em grandeza, mas em humildade, é precisamente sobre o nosso lugar no Corpo que precisamos pensar humildemente. Isso significa não aceitar meramente os limites de nós mesmos mas reconhecer os limites como vindos da parte de Deus.
A liberdade que o Evangelho garante não é uma liberdade pessoal anárquica com a qual podemos fazer como nos agrada, mas ao invés disso, a liberdade de tal anarquia de forma que nós estejamos conformados com a intenção de Deus para nós. É claro, isso requer um discernimento exato de dons e limites. Se entre os limites está a limitação da ordenação de ministros da Palavra e Sacramentos para aqueles homens que possuem os dons necessários, então ajudar as mulheres a discernir o uso próprio desses dons aparte da ordenação é um elemento de discernimento exato. De fato, dizer para as mulheres com um interesse genuíno em teologia e os dons para atingir esse propósito, “Vá e seja ordenada”, é apenas tomar a saída mais fácil. Sem mencionar o fato que isso promove uma igreja clericalizada quando todos os que são teologicamente dotados são empurrados para dentro do molde dos servos ordenados da Igreja.
Alguém tem que ter um senso maior de valorização do “profissional” do que eu tenho para pensar que o serviço não profissional é uma desonra daquele serviço. Pensar que aqueles mulheres teologicamente treinadas não teriam avenidas profissionais abertas para elas é uma visão das mais restritas possíveis. Administração paroquial, instrução catequética, aconselhamento cristão que não imite a psicologia e a sociologia desse mundo, ensino universitário, até mesmo ensino em seminários, tudo isso submerge como possibilidades imediatas, nenhuma delas requer ordenação, mas todas requerem treinamento teológico profundo. Pode ser que pelo abrir a ordenação a mulheres nós temos obscurecido mais do que deixado nítido nossas capacidades de discernir dons e funções. Fico me perguntando: quantos homens e mulheres, que quiseram “servir as necessidades do povo” foram desviados do trabalho diaconal porque a ordenação ao pastorado apareceu como o único ofício para servir dentro da Igreja?
Anos atrás C.S. Lewis disse que se a Igreja optasse por ordenar mulheres, ela perceberia muito rapidamente que isso trouxe uma religião completamente nova. Agora, praticamente uma geração depois da decisão, quando olhamos para a ELCA, as palavras de Lewis mostram ter uma presciência misteriosa ao que se seguiu. Talvez é tempo de dar passos para trás, reexaminar o que temos feito, e se honestamente isso requer de nós dizer que temos agido de forma errada, comecemos a correção do rumo. Mesmos que isso signifique engolir à seco.
Notas:
1. “How My Mind Has Changed” In Women Pastors? The ordination of Women in Biblical Lutheran Perspective: a collection of essays. Matthew C. Harrison and John T. Pless (Ed). St. Louis: Concordia Publishing House, 2008, p.389-395. Texto originalmente publicado em Lutheran Forum (Primavera de 2004). Tradução para o português: André dos Santos Dreher, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) em Frederico Westphalen, RS.
2. N.T: De acordo com o prefácio do livro Women Pastors? The ordination of Women in Biblical Lutheran Perspective: a collection of essays, o Rev. Dr. Louis Smith foi um clérigo da ELCA – Evangelical Lutheran Church in America. Como o texto deixa claro, ele mudou sua mente em relação à ordenação de mulheres ao Ministério. O autor veio a falecer em 30 de novembro de 2004, no dia de Santo André, apóstolo do Senhor.
3. N.T: American Lutheran Church.
4. N.T: Lutheran Church in America.
5. N.T: “publish or perish” e “publish or parish”.
6. N.T: ELCA – Evangelical Lutheran Church in America (Igreja Evangélica Luterana na América [Estados Unidos da América]).
7. N.T: Women in the History of the Church: Learned and Holy, but Not Pastors.
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