Comunhão Fechada: testemunho de teólogos Luteranos ao longo da História
Autor: André dos Santos Dreher
BUCHHOP, Mark. Presenting Closed Communion and the Divine Service. (85) [Apresentando a Comunhão Fechada e o culto Divino]
A prática da Comunhão Fechada não é Inovação
O pastor Mark Buchhop, apontando para a História da Igreja, afirma, “A prática da comunhão fechada, como uma prática bíblica, tem sido a norma desde o princípio do Sacramento. ‘A limitação estrita da participação é evidenciada claramente no final do período apostólico’ (86). Além disso, a teologia Luterana e a Reforma também declararam que ‘Pois ninguém é admitido a menos que antes seja examinado e ouvido’ (CA XXIV 6; Cf Ap XV 40)”. (87)
Unidade em Cristo
“Comunhão fechada está lidando com unidade no altar. Ela é uma unidade um com o outro por causa de nossa unidade com Cristo. A comunhão que cristãos desfrutam na Mesa do Senhor é diferente de todas as outras no mundo. Ela nos une junto com o próprio Jesus Cristo. ‘o que liga aqueles que participam da Santa Ceia não é que eles tem alguma coisa para fazer um com o outro, suas relações humanas um com o outro, mas o que eles compartilham em conjunto’. Isso que nós compartilhamos, o que nos une, é Jesus Cristo”.(88)
Participação na Ceia e Confissão de Fé
Citando Mt 12.25, Buchhop afirma, “a confissão da casa de culto na qual a pessoa ‘está firmada’ é também a confissão das pessoas que lá estão firmadas. Como pode uma pessoa num Domingo estar firmada numa doutrina e no próximo domingo estar firmada numa outra, que é contrária à primeira?”.(89) Então ele segue citando Werner Elert, “para a igreja antiga um homem era ortodoxo ou heterodoxo de acordo com sua confissão. Ele era um ou outro de acordo com aquela confissão com a qual ele estava ‘em comunhão’. A comunhão na qual ele estava firmado, a igreja para a qual ele pertencia, era mostrada através do onde ele recebia o Sacramento.... Já que um homem não pode ter ao mesmo tempo dois tipos de confissão, ele não pode comungar em duas igrejas de confissões diferentes. Contudo, se ele faz isso, nega sua própria confissão ou não tem nenhuma”.(90)
Também o autor cita o documento da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da LCMS, “Cristãos (que recebem o Sacramento) não devem ser vistos meramente como ‘indivíduos’, mas também como ‘confessores’ da doutrina de seu próprio corpo eclesiástico”. (91)
Tempos Pós-Modernos
Buchhop lembra que “Enquanto a prática bíblia da comunhão fechada é importante, nunca foi tão difícil colocar em prática nos dias de hoje o que o título desse artigo sugere [Apresentando a Comunhão Fechada e o culto Divino]. Ao mesmo tempo, nunca foi tão importante proceder dessa forma. Vivemos num período de individualismo maior do que em qualquer período”. O autor cita, então, o orgulho humano como um problema. E cita o pós-modernismo com sua visão de que a verdade não é absoluta. Na sequencia apresenta uma possível resposta de uma pessoa com mente pós-moderna: “Isso pode ser verdade para você, mas não para mim. Eu desejo participar da Ceia do Senhor. Esta é minha decisão, não sua!”. (92)
Um exemplo: ex-visitante, agora membro da Igreja Luterana
O autor também apresenta o testemunho do escritor luterano Gene E. Veith, “Após participarmos dos cultos naquela igreja por muitos meses, eu me dei conta do que ela tinha de diferente. Eu estava vivenciando o que eu não tinha conhecimento, um sentido de santidade. Os talares, os rituais, a arte, a música servia para ‘separar’ o que estava acontecendo da vida diária... Igreja ... era o lugar onde alguma coisa sagrada poderia ser encontrada. A maneira como o pastor fazia reverência à cruz, a Palavra de Deus no altar, a maneira como a congregação se levantava e se ajoelhava, a linguagem mágica da liturgia convenceram-me que alguma coisa diferente, alguma coisa extraordinária está acontecendo aqui.
E quando o culto culminava com a Santa Comunhão o mistério da santidade se tornava palpável. Minha esposa e eu sabíamos que não nos era permitido participarmos da Ceia – não receberíamos o corpo de Cristo até que fôssemos devidamente instruídos, aceitos na comunhão e soubéssemos o que estávamos fazendo. Mesmo que todas as outras igrejas que participamos consideravam o sacramento um negócio de pouca importância, eram liberais e fáceis em relação a quem poderia participar da Comunhão, eu não me sentia incomodado com as regras estritas de comunhão e comunhão fechada dos Luteranos. Tais práticas eram alheias à minha experiência, mas elas me deram um sentimento de que alguma coisa de monumental estava acontecendo com o Sacramento”. E Veith segue dizendo, “O culto Luterano é Teocêntrico, não antropocêntrico. Mas eu me dei conta de que na liturgia luterana o culto está em extraordinário movimento... Achamos os cultos – e a profundidade da pregação e a riqueza das doutrinas ... – tão convincentes que decidimos nos tornar membros”. (93)
Como anunciar/convidar?
Buchhop lembra que tendo uma boa base teológica, histórica, bíblica e prática o pastor estará “pronto para responder a pergunta do visitante, ‘pastor, posso comungar hoje?’”. Então ele lembra a importância de responder com uma boa entonação de voz, postura, expressão de sorriso enquanto faz o anúncio, seja na congregação ou para uma pessoa de forma individual. Afinal de contas o pastor “está desejando convidar aqueles que num futuro próximo estarão perguntando sobre a Santa Ceia nas aulas de instrução de adultos”. (94)
O autor cita um exemplo, “Quando um visitante não-luterano me pergunta se ele pode participar do Sacramento, eu poderia ter respondido a alguns anos atrás ‘Não, sinto muito, mas você não pode participar; você não é um Luterano’. Nota que a primeira palavra que saiu de minha boca foi ‘não’. Esta não é uma palavra evangélica! Hoje, quando perguntado por um não-luterano ou alguém de alguma denominação que não está em união confessional com nosso corpo eclesiástico, eu respondo, ‘Nós adoraríamos que você participasse! Vamos agendar uma hora para lhe oferecer alguma instrução sobre este maravilhoso Sacramento, e que isso possa ser logo’. Nota que eu estou praticando a comunhão fechada de uma maneira positiva, de uma maneira convidativa”. (95)
Cita outro exemplo em relação a essa questão. “Outro exemplo de praticar a comunhão fechada de uma forma positiva: o anúncio na liturgia pode dizer alguma coisa que reflete a resposta verbal dada acima. Depois de listar a prática histórica e ortodoxa da comunhão fechada, o anúncio é concluído com estas palavras: ‘Porém, nós adoraríamos que você participasse da Santa Ceia. O pastor sinceramente lhe convida para compartilhar informações sobre as alegrias da Santa Comunhão. Ele lhe oferecerá instrução sobre nossa fé Luterana e este Sacramento da Santa Ceia, de forma que você esteja preparado e firmado conosco e, assim, participe dessa maravilhosa ceia’”. (96)
Palavra de Encorajamento aos que convidam
E ainda Buchhop deixa uma palavra de encorajamento para os pastores, “A experiência desse escritor tem sido muito encorajadora enquanto tenho usado essa maneira positiva de aproximação no anunciar e praticar a comunhão fechada. Muitos foram recebidos para a família de Deus e como membros da comunhão dos santos, reunida em torno de Palavra e Sacramento na paróquia local. Que oportunidade alegre ao pastor poder compartilhar a realidade abençoada da verdadeira presença de Cristo em Sua Igreja através dos meios da graça: a Palavra pregada e ensinada e os Sacramentos!” (97)
Notas:
85) BUCHHOP, Mark J. Presenting Closed Communion and the Divine Service. In: Concordia Pulpit Resources. Vol 19, part 3, Series B, June 7-September 6. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2009. (não serão citadas páginas já que o artigo foi lido na edição digital).
86) Idem. Aqui Buchhop cita Ernert Elert, Eucharist and Church Fellowship...
87) Idem. Aqui a tradução da Confissão de Augburgo é do Livro de Concórdia. Trad. e notas de Arnaldo Shüler. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre Concórdia, 1997.
88) Idem. A citação em destaque no meio do parágrafo é de Elert, p. 4.
89) Idem.
90) Idem. Esta citação é de Elert, p. 182. Ênfases adicionadas por Buchhop.
91) Idem.
92) Idem.
93) Idem. Aqui Buchhop cita o que Veith afirma em The Spirituality of the Cross: The Way of the First Evangelicals, pp.108-109. [português: Espiritualidade da Cruz. Editora Concórdia, p.110-111 ]
94) Idem.
95) Idem.
96) Idem.
97) Idem.
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
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