Nessas comemorações dos 500 anos da Reforma a gente ouve muita coisa sobre este acontecimento importantíssimo da história. Muita coisa positiva, mas também muitas afirmações que não são verdade.
Algumas afirmações apontam para a “rebeldia” do monge alemão Martinho Lutero. Também fala-se em “revolta” e até “revolução”. Discordo totalmente do uso dessas expressões pois a Reforma não foi um ato de rebeldia, de revolta ou de revolução. Também não é o início de um cisma ou seita – já que as seitas rejeitam a totalmente a Escritura Sagrada ou pontos principais da mesma.
O doutor em teologia Martinho Lutero não queria uma Igreja nova. Queria que a sua Igreja, a Igreja Católica Romana, pregasse ao povo o que a Escritura Sagrada diz! Os Romanistas, preferiram ficar com seus erros teológicos e excomungar Lutero em 1521. Nota bem que foi mais fácil excomungar Lutero do que dizer que haviam errado e que a prática da venda de indulgências não tinha amparo nenhum na Bíblia!
Quando olhamos para trás, precisamos ter em mente que a Reforma foi um ato de coragem e fidelidade a Deus e às Escrituras Sagradas. Coragem de dizer que o pecador tem o consolo verdadeiro somente por causa de Cristo, que só Cristo Salva, que não precisamos pagar pelo perdão de pecados, mas que o perdão nos é oferecido de graça por meio da fé em Cristo – o preço já foi pago por Cristo. A Reforma não tem nada a ver com revolução. Tem tudo a ver com Cristo, o Cristo por nós!
terça-feira, 31 de outubro de 2017
sexta-feira, 15 de setembro de 2017
Isso é Arte?
Cu, pênis, vagina, vulva. Essas palavras estavam escritas em hóstias (ou também chamadas de partículas) usadas pelas igrejas cristãs na celebração da Santa Ceia/Comunhão. Jesus apresentado como macaco no colo da Virgem Maria. A imagem de Jesus crucificado misturada com partes de uma imagem do hinduísmo. Fuck (foda-se) era uma das supostas obras. Orgias, sexo grupal e com animais. Crianças apresentadas como travestis, etc. Essas eram algumas das obras que estavam expostas no Queer Museu no Santander Cultural em Porto Alegre, RS. (Se você quiser ver algumas das obras, veja o vídeo abaixo)
Isso aí não são obras de arte! São, sim, obras de escárnio, de deboche, obras criminosas. Tanto é que advogados apresentaram queixa crime contra a exposição.
Depois da pressão de grupos, de pessoas na internet e manifestações (pessoas que preferiram ser taxadas de intolerantes, de fascistas, etc., mas não deixaram de manifestar a sua insatisfação com os abusos apresentados nas obras) a exposição foi cancelada pelo Santander e o banco pediu desculpas.
Mais uma observação: toda essa belezura estava sendo bancada com recursos públicos da Lei de Incentivo à Cultura. Depois do cancelamento, o Santander se comprometeu a devolver o dinheiro. Enquanto faltam recursos para a saúde, educação e segurança, pra financiar essas obras há grana de sobra.
Uma palavra aos cristãos: diante de alguns temas delicados muitos cristão preferem ficar em silêncio, alguns tem até adotado uma postura de ser “politicamente correto” e de ser relativista (cada um pode ter a sua verdade)... O cristão sabe que só há uma verdade, que vive em sociedade, no mundo, mas sua pátria está no céu. Que o único caminho para chegarmos ao Pai celeste é por meio de Jesus Cristo. E que a vida do cristão será orientada pela Palavra de Deus e não pela vontade do mundo, ou para agradar o mundo, as pessoas de uma maneira geral. Jesus mesmo disse, “Se uma pessoa afirmar publicamente que pertence a mim, eu também, no Dia do Juízo, afirmarei diante do meu Pai, que está no céu, que ela pertence a mim”. (Mateus 10.32).
Segue o link para o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=YV80RAwMGj4
Isso aí não são obras de arte! São, sim, obras de escárnio, de deboche, obras criminosas. Tanto é que advogados apresentaram queixa crime contra a exposição.
Depois da pressão de grupos, de pessoas na internet e manifestações (pessoas que preferiram ser taxadas de intolerantes, de fascistas, etc., mas não deixaram de manifestar a sua insatisfação com os abusos apresentados nas obras) a exposição foi cancelada pelo Santander e o banco pediu desculpas.
Mais uma observação: toda essa belezura estava sendo bancada com recursos públicos da Lei de Incentivo à Cultura. Depois do cancelamento, o Santander se comprometeu a devolver o dinheiro. Enquanto faltam recursos para a saúde, educação e segurança, pra financiar essas obras há grana de sobra.
Uma palavra aos cristãos: diante de alguns temas delicados muitos cristão preferem ficar em silêncio, alguns tem até adotado uma postura de ser “politicamente correto” e de ser relativista (cada um pode ter a sua verdade)... O cristão sabe que só há uma verdade, que vive em sociedade, no mundo, mas sua pátria está no céu. Que o único caminho para chegarmos ao Pai celeste é por meio de Jesus Cristo. E que a vida do cristão será orientada pela Palavra de Deus e não pela vontade do mundo, ou para agradar o mundo, as pessoas de uma maneira geral. Jesus mesmo disse, “Se uma pessoa afirmar publicamente que pertence a mim, eu também, no Dia do Juízo, afirmarei diante do meu Pai, que está no céu, que ela pertence a mim”. (Mateus 10.32).
Segue o link para o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=YV80RAwMGj4
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
Conclusão - Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
Autor: André dos Santos Dreher
CONCLUSÃO
A Igreja Luterana ao longo de sua história, suas congregações, os seus mais variados teólogos, tem afirmado e confessado a comunhão fechada ou restrita para a participação na Santa Ceia. Ela faz isso não por fanatismo ou por falta de amor para com Deus e para com o próximo, mas sim por fidelidade ao Senhor da Igreja, por amor a todos os que participam dos cultos na Igreja Luterana e por cuidado pastoral. (98)
Agora, no século XXI, a Igreja não precisa fugir do mundo, isolando-se, nem fazer concessões, deixando o pós-modernismo moldar a Igreja, seu corpo doutrinário, sua prática.(99) Mas precisa continuar reafirmando suas doutrinas, sua fé com convicção, amor e respeito. Isso para que mais pessoas sintam-se amadas, perdoadas por Jesus e, depositando toda sua confiança nele, queiram receber o verdadeiro corpo e sangue de Cristo, após terem sido devidamente instruídas, após terem rejeitado todo e qualquer ensino heterodoxo e confessado publicamente sua fé, tornando-se assim um só com o corpo de Cristo, a sua Igreja.
Por fim, deseja-se aqui o que o Dr. Joel Biermann afirmou na conclusão de seu artigo, “se este estudo teve um pouco de sucesso em persuadir, mesmo que seja um só leitor, da séria importância da doutrina correta para uma prática correta, então seu propósito foi alcançado”. (100)
Notas:
98) Isso faz lembrar o que o Dr. Sasse afirmou, “É bem possível que a história da igreja demonstre no futuro próximo que a lealdade confessional, que é tão estigmatizada como ‘loucura sectária’, tenha contribuído mais para a verdadeira união da igreja do que o tipo de tolerância que, em nome do amor fraterno, tem recebido todo tipo de erro de braços abertos”. SASSE, Hermann. Aqui nos Firmamos: natureza e caráter da fé luterana. Tradução de Leandro Daniel Hübner. Canoas: Editora da ULBRA, 2008., pp. 8-9.
99) VEITH, Gene Edwar Jr. De Todo o Teu Entendimento: pensando como cristão num mundo pós-moderno. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p.11.
100) BIERMANN, op.cit, p. 72.
Autor: André dos Santos Dreher
CONCLUSÃO
A Igreja Luterana ao longo de sua história, suas congregações, os seus mais variados teólogos, tem afirmado e confessado a comunhão fechada ou restrita para a participação na Santa Ceia. Ela faz isso não por fanatismo ou por falta de amor para com Deus e para com o próximo, mas sim por fidelidade ao Senhor da Igreja, por amor a todos os que participam dos cultos na Igreja Luterana e por cuidado pastoral. (98)
Agora, no século XXI, a Igreja não precisa fugir do mundo, isolando-se, nem fazer concessões, deixando o pós-modernismo moldar a Igreja, seu corpo doutrinário, sua prática.(99) Mas precisa continuar reafirmando suas doutrinas, sua fé com convicção, amor e respeito. Isso para que mais pessoas sintam-se amadas, perdoadas por Jesus e, depositando toda sua confiança nele, queiram receber o verdadeiro corpo e sangue de Cristo, após terem sido devidamente instruídas, após terem rejeitado todo e qualquer ensino heterodoxo e confessado publicamente sua fé, tornando-se assim um só com o corpo de Cristo, a sua Igreja.
Por fim, deseja-se aqui o que o Dr. Joel Biermann afirmou na conclusão de seu artigo, “se este estudo teve um pouco de sucesso em persuadir, mesmo que seja um só leitor, da séria importância da doutrina correta para uma prática correta, então seu propósito foi alcançado”. (100)
Notas:
98) Isso faz lembrar o que o Dr. Sasse afirmou, “É bem possível que a história da igreja demonstre no futuro próximo que a lealdade confessional, que é tão estigmatizada como ‘loucura sectária’, tenha contribuído mais para a verdadeira união da igreja do que o tipo de tolerância que, em nome do amor fraterno, tem recebido todo tipo de erro de braços abertos”. SASSE, Hermann. Aqui nos Firmamos: natureza e caráter da fé luterana. Tradução de Leandro Daniel Hübner. Canoas: Editora da ULBRA, 2008., pp. 8-9.
99) VEITH, Gene Edwar Jr. De Todo o Teu Entendimento: pensando como cristão num mundo pós-moderno. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p.11.
100) BIERMANN, op.cit, p. 72.
Comunhão Fechada: testemunho... Mark Buchhop
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos Luteranos ao longo da História
Autor: André dos Santos Dreher
BUCHHOP, Mark. Presenting Closed Communion and the Divine Service. (85) [Apresentando a Comunhão Fechada e o culto Divino]
A prática da Comunhão Fechada não é Inovação
O pastor Mark Buchhop, apontando para a História da Igreja, afirma, “A prática da comunhão fechada, como uma prática bíblica, tem sido a norma desde o princípio do Sacramento. ‘A limitação estrita da participação é evidenciada claramente no final do período apostólico’ (86). Além disso, a teologia Luterana e a Reforma também declararam que ‘Pois ninguém é admitido a menos que antes seja examinado e ouvido’ (CA XXIV 6; Cf Ap XV 40)”. (87)
Unidade em Cristo
“Comunhão fechada está lidando com unidade no altar. Ela é uma unidade um com o outro por causa de nossa unidade com Cristo. A comunhão que cristãos desfrutam na Mesa do Senhor é diferente de todas as outras no mundo. Ela nos une junto com o próprio Jesus Cristo. ‘o que liga aqueles que participam da Santa Ceia não é que eles tem alguma coisa para fazer um com o outro, suas relações humanas um com o outro, mas o que eles compartilham em conjunto’. Isso que nós compartilhamos, o que nos une, é Jesus Cristo”.(88)
Participação na Ceia e Confissão de Fé
Citando Mt 12.25, Buchhop afirma, “a confissão da casa de culto na qual a pessoa ‘está firmada’ é também a confissão das pessoas que lá estão firmadas. Como pode uma pessoa num Domingo estar firmada numa doutrina e no próximo domingo estar firmada numa outra, que é contrária à primeira?”.(89) Então ele segue citando Werner Elert, “para a igreja antiga um homem era ortodoxo ou heterodoxo de acordo com sua confissão. Ele era um ou outro de acordo com aquela confissão com a qual ele estava ‘em comunhão’. A comunhão na qual ele estava firmado, a igreja para a qual ele pertencia, era mostrada através do onde ele recebia o Sacramento.... Já que um homem não pode ter ao mesmo tempo dois tipos de confissão, ele não pode comungar em duas igrejas de confissões diferentes. Contudo, se ele faz isso, nega sua própria confissão ou não tem nenhuma”.(90)
Também o autor cita o documento da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da LCMS, “Cristãos (que recebem o Sacramento) não devem ser vistos meramente como ‘indivíduos’, mas também como ‘confessores’ da doutrina de seu próprio corpo eclesiástico”. (91)
Tempos Pós-Modernos
Buchhop lembra que “Enquanto a prática bíblia da comunhão fechada é importante, nunca foi tão difícil colocar em prática nos dias de hoje o que o título desse artigo sugere [Apresentando a Comunhão Fechada e o culto Divino]. Ao mesmo tempo, nunca foi tão importante proceder dessa forma. Vivemos num período de individualismo maior do que em qualquer período”. O autor cita, então, o orgulho humano como um problema. E cita o pós-modernismo com sua visão de que a verdade não é absoluta. Na sequencia apresenta uma possível resposta de uma pessoa com mente pós-moderna: “Isso pode ser verdade para você, mas não para mim. Eu desejo participar da Ceia do Senhor. Esta é minha decisão, não sua!”. (92)
Um exemplo: ex-visitante, agora membro da Igreja Luterana
O autor também apresenta o testemunho do escritor luterano Gene E. Veith, “Após participarmos dos cultos naquela igreja por muitos meses, eu me dei conta do que ela tinha de diferente. Eu estava vivenciando o que eu não tinha conhecimento, um sentido de santidade. Os talares, os rituais, a arte, a música servia para ‘separar’ o que estava acontecendo da vida diária... Igreja ... era o lugar onde alguma coisa sagrada poderia ser encontrada. A maneira como o pastor fazia reverência à cruz, a Palavra de Deus no altar, a maneira como a congregação se levantava e se ajoelhava, a linguagem mágica da liturgia convenceram-me que alguma coisa diferente, alguma coisa extraordinária está acontecendo aqui.
E quando o culto culminava com a Santa Comunhão o mistério da santidade se tornava palpável. Minha esposa e eu sabíamos que não nos era permitido participarmos da Ceia – não receberíamos o corpo de Cristo até que fôssemos devidamente instruídos, aceitos na comunhão e soubéssemos o que estávamos fazendo. Mesmo que todas as outras igrejas que participamos consideravam o sacramento um negócio de pouca importância, eram liberais e fáceis em relação a quem poderia participar da Comunhão, eu não me sentia incomodado com as regras estritas de comunhão e comunhão fechada dos Luteranos. Tais práticas eram alheias à minha experiência, mas elas me deram um sentimento de que alguma coisa de monumental estava acontecendo com o Sacramento”. E Veith segue dizendo, “O culto Luterano é Teocêntrico, não antropocêntrico. Mas eu me dei conta de que na liturgia luterana o culto está em extraordinário movimento... Achamos os cultos – e a profundidade da pregação e a riqueza das doutrinas ... – tão convincentes que decidimos nos tornar membros”. (93)
Como anunciar/convidar?
Buchhop lembra que tendo uma boa base teológica, histórica, bíblica e prática o pastor estará “pronto para responder a pergunta do visitante, ‘pastor, posso comungar hoje?’”. Então ele lembra a importância de responder com uma boa entonação de voz, postura, expressão de sorriso enquanto faz o anúncio, seja na congregação ou para uma pessoa de forma individual. Afinal de contas o pastor “está desejando convidar aqueles que num futuro próximo estarão perguntando sobre a Santa Ceia nas aulas de instrução de adultos”. (94)
O autor cita um exemplo, “Quando um visitante não-luterano me pergunta se ele pode participar do Sacramento, eu poderia ter respondido a alguns anos atrás ‘Não, sinto muito, mas você não pode participar; você não é um Luterano’. Nota que a primeira palavra que saiu de minha boca foi ‘não’. Esta não é uma palavra evangélica! Hoje, quando perguntado por um não-luterano ou alguém de alguma denominação que não está em união confessional com nosso corpo eclesiástico, eu respondo, ‘Nós adoraríamos que você participasse! Vamos agendar uma hora para lhe oferecer alguma instrução sobre este maravilhoso Sacramento, e que isso possa ser logo’. Nota que eu estou praticando a comunhão fechada de uma maneira positiva, de uma maneira convidativa”. (95)
Cita outro exemplo em relação a essa questão. “Outro exemplo de praticar a comunhão fechada de uma forma positiva: o anúncio na liturgia pode dizer alguma coisa que reflete a resposta verbal dada acima. Depois de listar a prática histórica e ortodoxa da comunhão fechada, o anúncio é concluído com estas palavras: ‘Porém, nós adoraríamos que você participasse da Santa Ceia. O pastor sinceramente lhe convida para compartilhar informações sobre as alegrias da Santa Comunhão. Ele lhe oferecerá instrução sobre nossa fé Luterana e este Sacramento da Santa Ceia, de forma que você esteja preparado e firmado conosco e, assim, participe dessa maravilhosa ceia’”. (96)
Palavra de Encorajamento aos que convidam
E ainda Buchhop deixa uma palavra de encorajamento para os pastores, “A experiência desse escritor tem sido muito encorajadora enquanto tenho usado essa maneira positiva de aproximação no anunciar e praticar a comunhão fechada. Muitos foram recebidos para a família de Deus e como membros da comunhão dos santos, reunida em torno de Palavra e Sacramento na paróquia local. Que oportunidade alegre ao pastor poder compartilhar a realidade abençoada da verdadeira presença de Cristo em Sua Igreja através dos meios da graça: a Palavra pregada e ensinada e os Sacramentos!” (97)
Notas:
85) BUCHHOP, Mark J. Presenting Closed Communion and the Divine Service. In: Concordia Pulpit Resources. Vol 19, part 3, Series B, June 7-September 6. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2009. (não serão citadas páginas já que o artigo foi lido na edição digital).
86) Idem. Aqui Buchhop cita Ernert Elert, Eucharist and Church Fellowship...
87) Idem. Aqui a tradução da Confissão de Augburgo é do Livro de Concórdia. Trad. e notas de Arnaldo Shüler. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre Concórdia, 1997.
88) Idem. A citação em destaque no meio do parágrafo é de Elert, p. 4.
89) Idem.
90) Idem. Esta citação é de Elert, p. 182. Ênfases adicionadas por Buchhop.
91) Idem.
92) Idem.
93) Idem. Aqui Buchhop cita o que Veith afirma em The Spirituality of the Cross: The Way of the First Evangelicals, pp.108-109. [português: Espiritualidade da Cruz. Editora Concórdia, p.110-111 ]
94) Idem.
95) Idem.
96) Idem.
97) Idem.
Autor: André dos Santos Dreher
BUCHHOP, Mark. Presenting Closed Communion and the Divine Service. (85) [Apresentando a Comunhão Fechada e o culto Divino]
A prática da Comunhão Fechada não é Inovação
O pastor Mark Buchhop, apontando para a História da Igreja, afirma, “A prática da comunhão fechada, como uma prática bíblica, tem sido a norma desde o princípio do Sacramento. ‘A limitação estrita da participação é evidenciada claramente no final do período apostólico’ (86). Além disso, a teologia Luterana e a Reforma também declararam que ‘Pois ninguém é admitido a menos que antes seja examinado e ouvido’ (CA XXIV 6; Cf Ap XV 40)”. (87)
Unidade em Cristo
“Comunhão fechada está lidando com unidade no altar. Ela é uma unidade um com o outro por causa de nossa unidade com Cristo. A comunhão que cristãos desfrutam na Mesa do Senhor é diferente de todas as outras no mundo. Ela nos une junto com o próprio Jesus Cristo. ‘o que liga aqueles que participam da Santa Ceia não é que eles tem alguma coisa para fazer um com o outro, suas relações humanas um com o outro, mas o que eles compartilham em conjunto’. Isso que nós compartilhamos, o que nos une, é Jesus Cristo”.(88)
Participação na Ceia e Confissão de Fé
Citando Mt 12.25, Buchhop afirma, “a confissão da casa de culto na qual a pessoa ‘está firmada’ é também a confissão das pessoas que lá estão firmadas. Como pode uma pessoa num Domingo estar firmada numa doutrina e no próximo domingo estar firmada numa outra, que é contrária à primeira?”.(89) Então ele segue citando Werner Elert, “para a igreja antiga um homem era ortodoxo ou heterodoxo de acordo com sua confissão. Ele era um ou outro de acordo com aquela confissão com a qual ele estava ‘em comunhão’. A comunhão na qual ele estava firmado, a igreja para a qual ele pertencia, era mostrada através do onde ele recebia o Sacramento.... Já que um homem não pode ter ao mesmo tempo dois tipos de confissão, ele não pode comungar em duas igrejas de confissões diferentes. Contudo, se ele faz isso, nega sua própria confissão ou não tem nenhuma”.(90)
Também o autor cita o documento da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da LCMS, “Cristãos (que recebem o Sacramento) não devem ser vistos meramente como ‘indivíduos’, mas também como ‘confessores’ da doutrina de seu próprio corpo eclesiástico”. (91)
Tempos Pós-Modernos
Buchhop lembra que “Enquanto a prática bíblia da comunhão fechada é importante, nunca foi tão difícil colocar em prática nos dias de hoje o que o título desse artigo sugere [Apresentando a Comunhão Fechada e o culto Divino]. Ao mesmo tempo, nunca foi tão importante proceder dessa forma. Vivemos num período de individualismo maior do que em qualquer período”. O autor cita, então, o orgulho humano como um problema. E cita o pós-modernismo com sua visão de que a verdade não é absoluta. Na sequencia apresenta uma possível resposta de uma pessoa com mente pós-moderna: “Isso pode ser verdade para você, mas não para mim. Eu desejo participar da Ceia do Senhor. Esta é minha decisão, não sua!”. (92)
Um exemplo: ex-visitante, agora membro da Igreja Luterana
O autor também apresenta o testemunho do escritor luterano Gene E. Veith, “Após participarmos dos cultos naquela igreja por muitos meses, eu me dei conta do que ela tinha de diferente. Eu estava vivenciando o que eu não tinha conhecimento, um sentido de santidade. Os talares, os rituais, a arte, a música servia para ‘separar’ o que estava acontecendo da vida diária... Igreja ... era o lugar onde alguma coisa sagrada poderia ser encontrada. A maneira como o pastor fazia reverência à cruz, a Palavra de Deus no altar, a maneira como a congregação se levantava e se ajoelhava, a linguagem mágica da liturgia convenceram-me que alguma coisa diferente, alguma coisa extraordinária está acontecendo aqui.
E quando o culto culminava com a Santa Comunhão o mistério da santidade se tornava palpável. Minha esposa e eu sabíamos que não nos era permitido participarmos da Ceia – não receberíamos o corpo de Cristo até que fôssemos devidamente instruídos, aceitos na comunhão e soubéssemos o que estávamos fazendo. Mesmo que todas as outras igrejas que participamos consideravam o sacramento um negócio de pouca importância, eram liberais e fáceis em relação a quem poderia participar da Comunhão, eu não me sentia incomodado com as regras estritas de comunhão e comunhão fechada dos Luteranos. Tais práticas eram alheias à minha experiência, mas elas me deram um sentimento de que alguma coisa de monumental estava acontecendo com o Sacramento”. E Veith segue dizendo, “O culto Luterano é Teocêntrico, não antropocêntrico. Mas eu me dei conta de que na liturgia luterana o culto está em extraordinário movimento... Achamos os cultos – e a profundidade da pregação e a riqueza das doutrinas ... – tão convincentes que decidimos nos tornar membros”. (93)
Como anunciar/convidar?
Buchhop lembra que tendo uma boa base teológica, histórica, bíblica e prática o pastor estará “pronto para responder a pergunta do visitante, ‘pastor, posso comungar hoje?’”. Então ele lembra a importância de responder com uma boa entonação de voz, postura, expressão de sorriso enquanto faz o anúncio, seja na congregação ou para uma pessoa de forma individual. Afinal de contas o pastor “está desejando convidar aqueles que num futuro próximo estarão perguntando sobre a Santa Ceia nas aulas de instrução de adultos”. (94)
O autor cita um exemplo, “Quando um visitante não-luterano me pergunta se ele pode participar do Sacramento, eu poderia ter respondido a alguns anos atrás ‘Não, sinto muito, mas você não pode participar; você não é um Luterano’. Nota que a primeira palavra que saiu de minha boca foi ‘não’. Esta não é uma palavra evangélica! Hoje, quando perguntado por um não-luterano ou alguém de alguma denominação que não está em união confessional com nosso corpo eclesiástico, eu respondo, ‘Nós adoraríamos que você participasse! Vamos agendar uma hora para lhe oferecer alguma instrução sobre este maravilhoso Sacramento, e que isso possa ser logo’. Nota que eu estou praticando a comunhão fechada de uma maneira positiva, de uma maneira convidativa”. (95)
Cita outro exemplo em relação a essa questão. “Outro exemplo de praticar a comunhão fechada de uma forma positiva: o anúncio na liturgia pode dizer alguma coisa que reflete a resposta verbal dada acima. Depois de listar a prática histórica e ortodoxa da comunhão fechada, o anúncio é concluído com estas palavras: ‘Porém, nós adoraríamos que você participasse da Santa Ceia. O pastor sinceramente lhe convida para compartilhar informações sobre as alegrias da Santa Comunhão. Ele lhe oferecerá instrução sobre nossa fé Luterana e este Sacramento da Santa Ceia, de forma que você esteja preparado e firmado conosco e, assim, participe dessa maravilhosa ceia’”. (96)
Palavra de Encorajamento aos que convidam
E ainda Buchhop deixa uma palavra de encorajamento para os pastores, “A experiência desse escritor tem sido muito encorajadora enquanto tenho usado essa maneira positiva de aproximação no anunciar e praticar a comunhão fechada. Muitos foram recebidos para a família de Deus e como membros da comunhão dos santos, reunida em torno de Palavra e Sacramento na paróquia local. Que oportunidade alegre ao pastor poder compartilhar a realidade abençoada da verdadeira presença de Cristo em Sua Igreja através dos meios da graça: a Palavra pregada e ensinada e os Sacramentos!” (97)
Notas:
85) BUCHHOP, Mark J. Presenting Closed Communion and the Divine Service. In: Concordia Pulpit Resources. Vol 19, part 3, Series B, June 7-September 6. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2009. (não serão citadas páginas já que o artigo foi lido na edição digital).
86) Idem. Aqui Buchhop cita Ernert Elert, Eucharist and Church Fellowship...
87) Idem. Aqui a tradução da Confissão de Augburgo é do Livro de Concórdia. Trad. e notas de Arnaldo Shüler. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre Concórdia, 1997.
88) Idem. A citação em destaque no meio do parágrafo é de Elert, p. 4.
89) Idem.
90) Idem. Esta citação é de Elert, p. 182. Ênfases adicionadas por Buchhop.
91) Idem.
92) Idem.
93) Idem. Aqui Buchhop cita o que Veith afirma em The Spirituality of the Cross: The Way of the First Evangelicals, pp.108-109. [português: Espiritualidade da Cruz. Editora Concórdia, p.110-111 ]
94) Idem.
95) Idem.
96) Idem.
97) Idem.
terça-feira, 22 de agosto de 2017
Comunhão Fechada: Testemunho... Francis Pieper
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
Autor: André dos Santos Dreher
PIEPER, Francis: Christian Dogmatics Vol III. (80) [Dogmática Cristã]
Confessar a fé e rejeitar o erro antes de participar da Santa Ceia
O Dr. Pieper deixa bem claro que para participarem na Santa Ceia em altares luteranos “membros de igrejas heterodoxas devem primeiro cortar sua conexão com a denominação heterodoxa e devem declarar publicamente sua aceitação da doutrina verdadeira antes que comunguem com a congregação [luterana]. Comunhão na Santa Ceia certamente é comunhão em fé ou comunhão eclesiástica”. (81)
O Pastor Descuidado
Também falando sobre a comunhão fechada, o Dr. Pieper faz uma citação de C.F.W. Walther, dizendo que o mesmo estava correto ao afirmar que pelo ato de praticar a ‘comunhão aberta’ o pastor torna-se “um pastor infiel, inescrupuloso e descuidado” para com suas ovelhas. (82)
Apelando para o amor
Também é lembrado que há congregações que erroneamente apelam para o amor e caridade como base para defenderem a comunhão aberta. Pieper responde a isso dizendo, “o fato é que essa prática é contrária tanto em relação ao amor para com Deus como para com o próximo. Isso porque ela ignora que o Sacramento do Altar deve ser usado propriamente, como descrito na Escritura, o que conduz o próximo a pecar pelo fato de tomar o Sacramento de forma indigna. E o que foi dito sobre a ‘comunhão aberta’ se aplica também em relação à admissão de Reformados em altares Luteranos como ‘convidados’”. (83)
Responsabilidade Pastoral
Falando sobre a responsabilidade do pastor na distribuição e admissão à Santa Ceia, Pieper afirma, “o pastor é pessoalmente e diretamente responsável não apenas para com a congregação, mas também para com Deus, no que diz respeito à admissão de pessoas à Santa Ceia”. (84)
Notas:
80. PIEPER, Francis. Christian Dogmatics. Vol III. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1953.
81. Idem, p. 385.
82. Idem, p. 385.
83. Idem, p. 385-386.
84. Idem, p. 389.
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Comunhão Fechada: Testemunho... Hermann Sasse (The Lonely Way - Vol I)
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
Autor: André dos Santos Dreher
SASSE, Hermann: The Lonely Way, Vol I. [O Caminho Solitário] (75)
Culto é Público, a Santa Ceia não
O Dr. Hermann Sasse lembra que o culto é público, que toda pessoa pode participar do mesmo, ouvir a Palavra de Deus que ali está sendo anunciada. A pregação é destinada a todos os presentes. Mas ele afirma que “a Santa Ceia nunca foi para todos, somente para os que foram batizados e, posteriormente, confirmados”. (76)
Comunhão Eclesiástica é Comunhão de Altar (e vice-versa)
Sasse, em nota de rodapé faz o seguinte comentário, “Comunhão Eucarística é comunhão de Igreja. Por essa razão, na medida em que tomam suas confissões de forma séria, várias igrejas confessionais recusam mutuamente a admissão à Ceia, em princípio. [...] Dessa forma Luteranos não negam aos Reformados o nome ‘irmão’, mas os admitem à Ceia apenas quando eles tiverem renunciado suas doutrinas falsas. Esta é em todo caso a prática eclesiástica correta”. (77)
Ainda sobre o mesmo assunto afirma, “‘A participação no corpo de Cristo’ (1Co 10.16) significa ao mesmo tempo participação no verdadeiro corpo do Senhor, que nos é dado na Ceia, e ser membro da Igreja como membro do corpo de Cristo. A Igreja Evangélica Luterana sempre tem entendido isso dessa forma, quando ela derivou de 1Co 10.16 o princípio de que comunhão de igreja é comunhão de altar, e comunhão de altar é comunhão de igreja”. (78)
Igualmente o Dr. Sasse afirma, “Assim como há apenas um Cristo, há apenas uma igreja, a qual é Seu corpo; apenas um Batismo, por meio do qual nós somos batizados para dentro de um corpo, através de um Único Espírito; apenas uma Mesa do Senhor, na qual todos nós recebemos um único pão e, portanto, temos a comunhão com o corpo de Cristo. Disso segue que a comunhão de igreja é comunhão de altar. [...] Comunhão de altar só é possível onde já existe uma comunhão real de igreja” . (79)
Notas:
75 SASSE, Hermann. The Lonely Way: selected essays and letters. Vol I. Traduzido para o inglês por Matthew Harrison. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2002.
76 Idem, p. 480.
77 Idem, p. 426-427, nota nº 107.
78 Idem, p.467.
79 Idem, pp. 332-33. Ênfases no original.
Autor: André dos Santos Dreher
SASSE, Hermann: The Lonely Way, Vol I. [O Caminho Solitário] (75)
Culto é Público, a Santa Ceia não
O Dr. Hermann Sasse lembra que o culto é público, que toda pessoa pode participar do mesmo, ouvir a Palavra de Deus que ali está sendo anunciada. A pregação é destinada a todos os presentes. Mas ele afirma que “a Santa Ceia nunca foi para todos, somente para os que foram batizados e, posteriormente, confirmados”. (76)
Comunhão Eclesiástica é Comunhão de Altar (e vice-versa)
Sasse, em nota de rodapé faz o seguinte comentário, “Comunhão Eucarística é comunhão de Igreja. Por essa razão, na medida em que tomam suas confissões de forma séria, várias igrejas confessionais recusam mutuamente a admissão à Ceia, em princípio. [...] Dessa forma Luteranos não negam aos Reformados o nome ‘irmão’, mas os admitem à Ceia apenas quando eles tiverem renunciado suas doutrinas falsas. Esta é em todo caso a prática eclesiástica correta”. (77)
Ainda sobre o mesmo assunto afirma, “‘A participação no corpo de Cristo’ (1Co 10.16) significa ao mesmo tempo participação no verdadeiro corpo do Senhor, que nos é dado na Ceia, e ser membro da Igreja como membro do corpo de Cristo. A Igreja Evangélica Luterana sempre tem entendido isso dessa forma, quando ela derivou de 1Co 10.16 o princípio de que comunhão de igreja é comunhão de altar, e comunhão de altar é comunhão de igreja”. (78)
Igualmente o Dr. Sasse afirma, “Assim como há apenas um Cristo, há apenas uma igreja, a qual é Seu corpo; apenas um Batismo, por meio do qual nós somos batizados para dentro de um corpo, através de um Único Espírito; apenas uma Mesa do Senhor, na qual todos nós recebemos um único pão e, portanto, temos a comunhão com o corpo de Cristo. Disso segue que a comunhão de igreja é comunhão de altar. [...] Comunhão de altar só é possível onde já existe uma comunhão real de igreja” . (79)
Notas:
75 SASSE, Hermann. The Lonely Way: selected essays and letters. Vol I. Traduzido para o inglês por Matthew Harrison. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2002.
76 Idem, p. 480.
77 Idem, p. 426-427, nota nº 107.
78 Idem, p.467.
79 Idem, pp. 332-33. Ênfases no original.
terça-feira, 28 de março de 2017
Comunhão Fechada: testemunho... Hermann Sasse
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
Autor: André dos Santos Dreher
SASSE, Hermann: Isto é o Meu Corpo (62)
Debates e Controvérsias sobre a Santa Ceia
O Prof. Dr. Sasse afirma em seu livro Isto é o Meu Corpo, “Parece que estamos assistindo a um reatamento dos debates eucarísticos do século XVI numa escala ecumênica de âmbito mundial”.(63) Vale lembrar que ele escreveu isso em 1958 – e o debate sobre a Ceia do Senhor continua. E esse debate acontece por causa do destaque e posição que a Santa Ceia recebe por parte do povo de Deus, “Ocupando o Sacramento do Altar posição de tamanho destaque na Igreja, facilmente se pode entender por que, sempre de novo, se torna objeto de dissensão e controvérsia”. (64)
Sincretismo e Santa Ceia?
Sasse lembra que no Colóquio de Marburgo o Landgrave, diante do fato de Luteranos e Zwinglianos não terem entrado em acordo e por achar que o problema girava em torno de palavras, “julgava que um certo ‘syncretismus’ deveria ser possível. Isto, no entanto, foi rejeitado pelos luteranos ‘por razões graves e cristãs’”.(65) Isso se explica porque para Lutero a rejeição da presença real de Cristo na Santa Ceia era heresia capaz de acabar com a existência da Igreja.(66)
Comunhão com outras Denominações Cristãs?
“o reconhecimento de que também numa comunhão herética ainda há remanescentes dos meios da graça, verdadeiros crentes e, como consequência, algo da verdadeira Igreja de Cristo, não implica que possa haver ‘communicatio in sacris’, isto é, comunhão de púlpito e altar, com essa comunhão ou com seus membros individuais. Nesse respeito, Lutero e a Igreja Luterana seguiram o exemplo da Igreja Antiga, que, desde o tempo dos apóstolos através dos séculos, recusou admitir ao Sacramento do Altar todos os que eram considerados heterodoxos ou cismáticos. A ideia de que se pode admitir à Santa Comunhão pessoas com as quais não há perfeita paz, nem unidade de fé e, consequentemente, não há comunhão eclesiástica, é ideia moderna completamente alheia às igrejas do século XVI. O princípio de que comunhão de altar é comunhão de igreja foi reconhecido até mesmo pelas antigas igrejas reformadas”. (67)
Sasse cita que no século XVI, teólogos reformados negaram também a prática da intercomunhão. Cita os exemplos de Beza e Turrentini (falecido em 1867), que disse, “entre os que não estão unidos nos fundamentos da fé não pode haver comunhão de igreja”.(68)
Em nota de rodapé Sasse afirma, “É digno de nota que a Ceia do Senhor foi desde o início o que hoje denominamos de “comunhão fechada’”. (69)
Verdadeira Ecumenicidade da Igreja
“Esta verdadeira ecumenicidade da Igreja Luterana sempre deve ser mantida em mente, se desejarmos entender a inexorável seriedade com que sempre sustentou o princípio que comunhão da Igreja e do altar só podem ser praticadas onde se alcançou um consenso sobre a verdade do Evangelho e dos sacramentos de Cristo. Para o mundo, isso parece ser contradição porque pensa em termos de ‘mentalidade aberta’ e ‘mentalidade estreita’. Na Igreja de Cristo, contudo, tal contradição não existe, porque a busca da verdade e a busca da união são uma só, como na oração sumo-sacerdotal de nosso Senhor por sua Igreja, a petição ‘A fim de que todos sejam um’ está inseparavelmente ligada com a precedente ‘Santifica-os na verdade’”.(70)
Receber a Ceia em outra Igreja?
Sasse falando sobre a questão da participação da Santa Ceia em outra denominação Cristã afirma, “Este é o motivo pelo qual a Igreja Luterana, com todas as outras igrejas, exceto as batistas, reconhece um Batismo realizado em outra igreja, mas jamais reconheceu o Sacramento do Altar naquelas comunidades que negam a presença real e, consequentemente, não permite a qualquer um, mesmo num caso de emergência ou ‘in articulo mortis’, receber a Santa Comunhão em tais igrejas” . (71)
E na mesma página, em nota de rodapé afirma, “a questão se um luterano em perigo de morte não poderia receber o sacramento de um ministro reformado foi respondida negativamente por Lutero e por todos os dogmáticos, como também no conselho pastoral oferecido nos livros sobre ‘Casus Conscientiae’, por exemplo, Balduíno, Tractatus de Casibus Conscientiae, edição de 1654, p.345, em que se deixa claro que não se deve receber a Ceia do Senhor de um ministro reconhecidamente calvinista”.
Sacramento da Unidade da Igreja
Para Sasse, “o Sacramento do Altar tem sempre sido considerado como o grande sacramento da unidade da igreja”.(72)
Quem participa e quem não?
Falando sobre a expressão “comunhão dos santos” como sendo indicativo de quem deveria participar da Santa Ceia e quem não, Sasse segue dizendo, “É admoestação contra a participação do corpo e sangue de Cristo por parte de pessoas não-santas, pessoas que não pertencem à Igreja (pecadores excomungados, cismáticos, hereges), sendo a resposta apropriada da congregação: ‘Um é santo, um é Senhor, Jesus Cristo para a glória de Deus Pai.’ Confessar a ‘sanctorum communionem’ neste sentido significaria confessar que se crê na presença real, na participação do corpo e sangue na Santa Comunhão”(73). Por isso segue falando que “Crer na presença real implica fé na comunhão dos santos como realidade que existe dentro da Igreja”.(74)
Notas:
62) SASSE, Hermann. Isto é o meu Corpo: a luta de Lutero em defesa da presença real de Cristo no Sacramento do Altar. Tradução de Mário L. Rehfeldt. 2ª ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003.
63) Idem, p. 11.
64) Idem, p.18.
65) Idem, p. 203.
66) Idem, p. 147.
67) Idem, p. 219.
68) Idem, p. 220, nota nº 169.
69) Idem, p.219, nota nº 167.
70) Idem, p. 249. Ênfases de Sasse.
71) Idem, p. 275.
72) Idem, p. 288.
73) Idem, p. 290.
74) Idem, p. 291.
quinta-feira, 23 de março de 2017
Comunhão Fechada: testemunho... J. Biermann
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
Autor: André dos Santos Dreher
....
BIERMANN, Joel: Aproxime-se do Altar – uma reflexão sobre a teologia e prática da Santa Ceia (47)
Quem é digno e bem preparado? Quem pode participar da Ceia?
Joel Biermann falando sobre a explicação da Santa Ceia feita por Martinho Lutero no Catecismo Menor (48) pergunta e logo reponde, “será que as belas palavras formuladas por Lutero fornecem a resposta suficiente e completa para a congregação ou o pastor, que procuram por um entendimento sobre quem deveria comungar no altar que lhes foi confiado? Certamente não. [...] A questão não está relacionada simplesmente em estimular pessoas a honestamente verificar seu estado de arrependimento e seu entendimento da miraculosa presença de Cristo no Sacramento. [...] Para colocar isto de maneira direta: nem todo comungante digno segundo os princípios do Catecismo Menor é necessariamente um irmão cristão que deveria comungar em nosso altar”. (49)
Neste artigo, Biermann lembra que o documento elaborado pela CTRE (Comissão de Teologia e Relações Eclesiais) da Igreja Luterana Sínodo de Missouri (LCMS) em 1999 deixa duas lacunas importantes que dão margem para interpretações equivocadas sobre a prática da Santa Ceia, a primeira é “a falha em compreender a responsabilidade de supervisão, e segundo, uma aplicação equivocada de ‘lei e ‘evangelho’”.(50)
Comunhão Funcionalmente Aberta
Joel Biermann também lembra que podem acontecer casos em que congregações e pastores praticam a comunhão funcionalmente aberta. “A prática da Santa Ceia de uma igreja é funcionalmente aberta quando a determinação de quem é um comungante apropriado (e não simplesmente um comungante ‘digno’) é deixada exclusivamente nas mãos do indivíduo que pretende comer e beber, e quando a preocupação da igreja é limitada a dignidade do indivíduo, sem consideração mais profunda sobre a confissão daquela pessoa. Em outras palavras, professar concordância com a ideia da comunhão fechada é irrelevante se a prática deixa ao encargo dos indivíduos a determinação sobre se eles deveriam comungar ou não.” (51)
E para deixar mais claro, o Dr. Joel Biermann afirma, “eu estou dizendo que a confiança num anúncio no boletim, ou ordem de culto, de que o Sacramento é para aqueles que são batizados, estão arrependidos e ‘creem na presença real’ é completamente inadequada. Tal prática nada mais é do que uma comunhão funcionalmente aberta. A prática de se fiar num anúncio escrito em papel coloca a decisão inteiramente nas mãos do indivíduo. Esta prática torna óbvio para o visitante que é sua a escolha em comungar ou não – é claro que esse é precisamente o jeito que quase todo mundo quer que seja”. (52) Vale lembrar que além do conteúdo impresso, o mesmo pode ser expresso através de anúncio de forma falada (convite).
Participar da Ceia: relação com Jesus e com a Igreja (unidade)
“Ao contrário de muito pensamento popular, o Sacramento não é apenas uma relação entre Jesus e o indivíduo. O pastor não é uma insensível máquina de vender espiritual, sem responsabilidade por aqueles que estão recebendo a Ceia. O Sacramento é a presença de Cristo, sua dádiva à igreja; e a igreja celebra este presente na unidade de sua confissão. [...] Empurrar para o visitante a decisão sobre se ele pode comungar ou não é abdicar de sua responsabilidade pastoral”. (53)
Pastor = mordomo
Biermann lembra que há pastores que pensam que a decisão sobre ir à Ceia ou não é do visitante. Por isso ele lembra, “o pastor é o mordomo [...] Praticar a supervisão e administrar o Sacramento pode ser desconfortável e ter um alto grau de exigência. [...] Sim, pastores estão lá para proclamar o evangelho, distribuir o perdão dos pecados e confortar almas. Mas é claramente óbvio nas Escrituras e Confissões que eles estão também ‘lá’ para administrar o ofício das chaves: para declarar culpados os pecadores, excluir os impenitentes e supervisionar a prática correta dos sacramentos. Comunhão funcionalmente aberta significa negligência pastoral”. (54)
“O administrador dos mistérios de Deus precisa educar seu povo sobre a importância do Sacramento em muitos níveis e particularmente precisa enfatizar os aspectos corporativos e confessionais do Sacramento que estão presentes junto com a comunhão individual com Cristo”. (55)
A igreja é exclusiva
“Àqueles que não estão em comunhão com a congregação deveria ser dito que a congregação deseja muito a sua participação e ficaria feliz em dar-lhes as boas vindas quando houver clareza de que há unidade da confissão. [...] É preciso admitir que numa cultura democrática pessoas frequentemente têm dificuldades em aceitar tal posição ‘excludente’. A melhor prática pastoral é certamente requerida nessas situações. É preciso lembrar-se de que a igreja é, pela própria definição de Cristo, exclusiva”. (56)
Confusão de Lei e Evangelho
Biermann lembra que a prática da Santa Ceia aberta é feita com base numa confusão e uso equivocado do paradigma de lei e evangelho. “De fato, alguns insistiriam que a boa teologia luterana na verdade exige a prática da comunhão aberta. O argumento é que o evangelho de Cristo está disponível para todos e o papel do despenseiro é administrá-lo para todos. Certamente, tal raciocínio deveria se aplicar à Ceia do Senhor”. (57)
Biermann segue argumentando tendo como base os dois tipos de Justiça, diante de Deus e diante do mundo. Diante de Deus a pessoa está despreocupada em relação a sua obras, mas diante e no mundo o próximo precisa das obras e serviço do cristão. Lembra que a igreja precisa ser moldada pelos dois tipos de justiça. Por isso diz, “A congregação que entende corretamente a Santa Ceia como dádiva de Deus e como sua celebração de unidade com Deus e um com o outro, estabelecerá diretrizes e orientações para a celebração correta que manterá e ensinará a verdade sobre o Sacramento. Em outras palavras, uma prática conscienciosa e séria da comunhão fechada não é antiética ao evangelho, mas é de fato necessária e dá apoio ao evangelho e sua comunicação graciosa”. (58)
Lembrando da dificuldade e desafio que pastor tem ao lidar com situações em que precisa aplicar a lei às pessoas, dizer que elas foram além da vontade de Deus, Biermann aplica isso à prática e ensino sobre a Santa Ceia. Para ele, agir deixando a correta aplicação de lei e evangelho de lado pode parecer ser menos ofensivo, mas revela medo e covardia do servo de Deus. “Apelar ao evangelho como uma capa para covardia e preguiça é ainda, no fim das contas, puro e simples antinomismo e desobediência”. (59)
Caminhada Conjunta Como Sínodo
Biermann lembra ainda que congregações e pastores não podem agir de forma isolada em suas iniciativas e decisões. Precisam levar em consideração a igreja como um todo, o sínodo. “Nenhum homem e nenhuma congregação têm o direito de ‘fazer a coisa do seu jeito’, independente de outros pastores e congregações”. (60)
Mais adiante ele afirma, “Uma congregação com comunhão funcionalmente aberta não está exercendo a discrição pastoral. Essa congregação está agindo sem consideração para com suas congregações irmãs, está sendo desleal à vontade do sínodo e, sobretudo, desobediente à vontade de Deus”. (61)
Notas:
47) BIERMANN, Joel D. Aproxime-se do Altar: uma reflexão sobre a teologia e prática da Santa Ceia. In: Igreja Luterana. Vol 67, Novembro de 2008, nº 2. São Leopoldo: Seminário Concórdia, 2008.
48) Idem, p. 60. “o que é o Sacramento do Altar? Resposta: é o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo sob o pão e o vinho, instituído pelo próprio Cristo para ser comido e bebido por nós, cristãos. ....” Cf. Catecismo Menor. In: Livro de Concórdia, pp.378-379.1-2, 7-10.
49) Idem, p. 60-61.
50) Idem, p. 61.
51) Idem, p. 62.
52) Idem, p. 63-64.
53) Idem, p. 63.
54) Idem, p. 64.
55) Idem, p.66.
56) Idem, p.65.
57) Idem, p. 67.
58) Idem, p.70.
59) Idem, p.71.
60) Idem, p. 71.
61) Idem, p.72.
Autor: André dos Santos Dreher
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BIERMANN, Joel: Aproxime-se do Altar – uma reflexão sobre a teologia e prática da Santa Ceia (47)
Quem é digno e bem preparado? Quem pode participar da Ceia?
Joel Biermann falando sobre a explicação da Santa Ceia feita por Martinho Lutero no Catecismo Menor (48) pergunta e logo reponde, “será que as belas palavras formuladas por Lutero fornecem a resposta suficiente e completa para a congregação ou o pastor, que procuram por um entendimento sobre quem deveria comungar no altar que lhes foi confiado? Certamente não. [...] A questão não está relacionada simplesmente em estimular pessoas a honestamente verificar seu estado de arrependimento e seu entendimento da miraculosa presença de Cristo no Sacramento. [...] Para colocar isto de maneira direta: nem todo comungante digno segundo os princípios do Catecismo Menor é necessariamente um irmão cristão que deveria comungar em nosso altar”. (49)
Neste artigo, Biermann lembra que o documento elaborado pela CTRE (Comissão de Teologia e Relações Eclesiais) da Igreja Luterana Sínodo de Missouri (LCMS) em 1999 deixa duas lacunas importantes que dão margem para interpretações equivocadas sobre a prática da Santa Ceia, a primeira é “a falha em compreender a responsabilidade de supervisão, e segundo, uma aplicação equivocada de ‘lei e ‘evangelho’”.(50)
Comunhão Funcionalmente Aberta
Joel Biermann também lembra que podem acontecer casos em que congregações e pastores praticam a comunhão funcionalmente aberta. “A prática da Santa Ceia de uma igreja é funcionalmente aberta quando a determinação de quem é um comungante apropriado (e não simplesmente um comungante ‘digno’) é deixada exclusivamente nas mãos do indivíduo que pretende comer e beber, e quando a preocupação da igreja é limitada a dignidade do indivíduo, sem consideração mais profunda sobre a confissão daquela pessoa. Em outras palavras, professar concordância com a ideia da comunhão fechada é irrelevante se a prática deixa ao encargo dos indivíduos a determinação sobre se eles deveriam comungar ou não.” (51)
E para deixar mais claro, o Dr. Joel Biermann afirma, “eu estou dizendo que a confiança num anúncio no boletim, ou ordem de culto, de que o Sacramento é para aqueles que são batizados, estão arrependidos e ‘creem na presença real’ é completamente inadequada. Tal prática nada mais é do que uma comunhão funcionalmente aberta. A prática de se fiar num anúncio escrito em papel coloca a decisão inteiramente nas mãos do indivíduo. Esta prática torna óbvio para o visitante que é sua a escolha em comungar ou não – é claro que esse é precisamente o jeito que quase todo mundo quer que seja”. (52) Vale lembrar que além do conteúdo impresso, o mesmo pode ser expresso através de anúncio de forma falada (convite).
Participar da Ceia: relação com Jesus e com a Igreja (unidade)
“Ao contrário de muito pensamento popular, o Sacramento não é apenas uma relação entre Jesus e o indivíduo. O pastor não é uma insensível máquina de vender espiritual, sem responsabilidade por aqueles que estão recebendo a Ceia. O Sacramento é a presença de Cristo, sua dádiva à igreja; e a igreja celebra este presente na unidade de sua confissão. [...] Empurrar para o visitante a decisão sobre se ele pode comungar ou não é abdicar de sua responsabilidade pastoral”. (53)
Pastor = mordomo
Biermann lembra que há pastores que pensam que a decisão sobre ir à Ceia ou não é do visitante. Por isso ele lembra, “o pastor é o mordomo [...] Praticar a supervisão e administrar o Sacramento pode ser desconfortável e ter um alto grau de exigência. [...] Sim, pastores estão lá para proclamar o evangelho, distribuir o perdão dos pecados e confortar almas. Mas é claramente óbvio nas Escrituras e Confissões que eles estão também ‘lá’ para administrar o ofício das chaves: para declarar culpados os pecadores, excluir os impenitentes e supervisionar a prática correta dos sacramentos. Comunhão funcionalmente aberta significa negligência pastoral”. (54)
“O administrador dos mistérios de Deus precisa educar seu povo sobre a importância do Sacramento em muitos níveis e particularmente precisa enfatizar os aspectos corporativos e confessionais do Sacramento que estão presentes junto com a comunhão individual com Cristo”. (55)
A igreja é exclusiva
“Àqueles que não estão em comunhão com a congregação deveria ser dito que a congregação deseja muito a sua participação e ficaria feliz em dar-lhes as boas vindas quando houver clareza de que há unidade da confissão. [...] É preciso admitir que numa cultura democrática pessoas frequentemente têm dificuldades em aceitar tal posição ‘excludente’. A melhor prática pastoral é certamente requerida nessas situações. É preciso lembrar-se de que a igreja é, pela própria definição de Cristo, exclusiva”. (56)
Confusão de Lei e Evangelho
Biermann lembra que a prática da Santa Ceia aberta é feita com base numa confusão e uso equivocado do paradigma de lei e evangelho. “De fato, alguns insistiriam que a boa teologia luterana na verdade exige a prática da comunhão aberta. O argumento é que o evangelho de Cristo está disponível para todos e o papel do despenseiro é administrá-lo para todos. Certamente, tal raciocínio deveria se aplicar à Ceia do Senhor”. (57)
Biermann segue argumentando tendo como base os dois tipos de Justiça, diante de Deus e diante do mundo. Diante de Deus a pessoa está despreocupada em relação a sua obras, mas diante e no mundo o próximo precisa das obras e serviço do cristão. Lembra que a igreja precisa ser moldada pelos dois tipos de justiça. Por isso diz, “A congregação que entende corretamente a Santa Ceia como dádiva de Deus e como sua celebração de unidade com Deus e um com o outro, estabelecerá diretrizes e orientações para a celebração correta que manterá e ensinará a verdade sobre o Sacramento. Em outras palavras, uma prática conscienciosa e séria da comunhão fechada não é antiética ao evangelho, mas é de fato necessária e dá apoio ao evangelho e sua comunicação graciosa”. (58)
Lembrando da dificuldade e desafio que pastor tem ao lidar com situações em que precisa aplicar a lei às pessoas, dizer que elas foram além da vontade de Deus, Biermann aplica isso à prática e ensino sobre a Santa Ceia. Para ele, agir deixando a correta aplicação de lei e evangelho de lado pode parecer ser menos ofensivo, mas revela medo e covardia do servo de Deus. “Apelar ao evangelho como uma capa para covardia e preguiça é ainda, no fim das contas, puro e simples antinomismo e desobediência”. (59)
Caminhada Conjunta Como Sínodo
Biermann lembra ainda que congregações e pastores não podem agir de forma isolada em suas iniciativas e decisões. Precisam levar em consideração a igreja como um todo, o sínodo. “Nenhum homem e nenhuma congregação têm o direito de ‘fazer a coisa do seu jeito’, independente de outros pastores e congregações”. (60)
Mais adiante ele afirma, “Uma congregação com comunhão funcionalmente aberta não está exercendo a discrição pastoral. Essa congregação está agindo sem consideração para com suas congregações irmãs, está sendo desleal à vontade do sínodo e, sobretudo, desobediente à vontade de Deus”. (61)
Notas:
47) BIERMANN, Joel D. Aproxime-se do Altar: uma reflexão sobre a teologia e prática da Santa Ceia. In: Igreja Luterana. Vol 67, Novembro de 2008, nº 2. São Leopoldo: Seminário Concórdia, 2008.
48) Idem, p. 60. “o que é o Sacramento do Altar? Resposta: é o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo sob o pão e o vinho, instituído pelo próprio Cristo para ser comido e bebido por nós, cristãos. ....” Cf. Catecismo Menor. In: Livro de Concórdia, pp.378-379.1-2, 7-10.
49) Idem, p. 60-61.
50) Idem, p. 61.
51) Idem, p. 62.
52) Idem, p. 63-64.
53) Idem, p. 63.
54) Idem, p. 64.
55) Idem, p.66.
56) Idem, p.65.
57) Idem, p. 67.
58) Idem, p.70.
59) Idem, p.71.
60) Idem, p. 71.
61) Idem, p.72.
quarta-feira, 22 de março de 2017
Comunhão Fechada: testemunho... G. Seltz
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
Autor: André dos Santos Dreher
...
The Lutheran Difference (38) [A Diferença Luterana]
Debates Sobre Santa Ceia
Raymond Hartwig (citado por Seltz) lembra que entre os debates teológicos dos dias atuais, um dos que recebe maior destaque é sobre a Santa Ceia. Agradece a Deus que, enquanto ensinos básicos sobre a Ceia do Senhor são questionados em outros círculos cristãos, entre os Luteranos o ensino sobre a Santa Ceia está ancorado sobre as Escrituras Sagradas e sobre as Confissões Luteranas. (39)
Escritura e Exclusão do Sacramento
Hartwig afirma que “as Escrituras Sagradas falam também sobre a exclusão da Santa Ceia daqueles que tem uma confissão de fé diferente, já que a Santa Ceia contém o coração do Evangelho e é um testemunho da unidade de fé”. E Segue fazendo referências a 1Co 11.26 e Rm 16.17. (40)
E os que são membros de outras igrejas?
Walther também é citado por Hartwig, “participação no Sacramento da Santa Ceia é comunhão eclesiástica e esta não pode existir quando há diferentes confissões de fé envolvidas” (Teses sobre comunhão de altar com heterodoxos, 1870). (41)
Hartwig também faz uma citação de Donald Deffner, “também pelo chamar bem-vinda uma pessoa que professa doutrinas falsas, mesmo que seja um cristão praticante, nos tornaríamos participantes em seus pecados e ensino”. (42)
Também Hartwig afirma que “Deveria ser notado também que a maioria dos cristãos continuam mantendo a prática da comunhão fechada e que a maioria dos grupos luteranos nos Estados Unidos, incluindo aqueles que possuem uma prática diferente hoje, em algum momento tivera como prática a comunhão fechada ou restrita. (43)
Ensino precede a participação
O autor do capítulo, ‘Santa Ceia’, Seltz, lembra que os jovens da igreja luterana recebem instrução na Palavra de Deus e sobre as principais doutrinas da fé cristã para que então participem da Ceia do Senhor. Ou seja, o ensino precede a participação. E não participam para depois serem instruídos. (44)
O texto também lembra que a pessoa precisa estar preparada para participar da Santa Ceia. Como isso acontece? Por meio da fé em Cristo. Fé que é dada por Deus. Para Lutero, “digno e preparado é o que crê nas palavras, ‘dado e derramado...’”. Assim é lembrado que o Reformador assumia que primeiro a pessoa teria estudado e conhecido todas as partes do Catecismo antes de vir à Ceia. (45)
Diferença entre Comunhão Fechada e Aberta
Gregory Seltz apresenta as diferenças entre Comunhão Fechada e Comunhão Aberta no capítulo que escreveu para o livro, The Lutheran Difference:
“Comunhão Fechada: a grande maioria das congregações cristãs no mundo mantém a prática antiga da comunhão fechada. Por exemplo, Igreja Ortodoxa Oriental, Católicos Romanos, Igreja Luterana Sínodo de Missouri, Sínodo Evangélico Luterano de Wisconsin, Associação de Igrejas Presbiterianas Reformadas e algumas igrejas Anabatistas praticam a comunhão fechada. Isto é, eles apenas comungam membros de congregações com as quais têm comunhão oficial. Exceções podem ser feitas em casos de cuidado pastoral.
Comunhão Aberta: a minoria das congregações, influenciadas especialmente pelo movimento ecumênico do século XIX, praticam a comunhão aberta. Isto é, eles comungam pessoas sem considerar a crença ou filiação denominacional (a maioria esperam que a pessoa seja batizada antes que ele ou ela receba a Santa Ceia)”. (46)
Notas:
38) SELTZ, Gregory. The Lord’s Supper. In: The Lutheran Difference: an explanation and Comparison of Christian Beliefs. Edward A. Engelbrecht, General Editor. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2010., pp.401-436.
39) Idem, p.429.
40) Idem, p. 430.
41) Idem, p.430.
42) Idem, p. 431.
43) Idem, p. 431.
44) Idem, p.404.
45) Idem, pp.425-426.
46) Idem, pp. 423-424.
Autor: André dos Santos Dreher
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The Lutheran Difference (38) [A Diferença Luterana]
Debates Sobre Santa Ceia
Raymond Hartwig (citado por Seltz) lembra que entre os debates teológicos dos dias atuais, um dos que recebe maior destaque é sobre a Santa Ceia. Agradece a Deus que, enquanto ensinos básicos sobre a Ceia do Senhor são questionados em outros círculos cristãos, entre os Luteranos o ensino sobre a Santa Ceia está ancorado sobre as Escrituras Sagradas e sobre as Confissões Luteranas. (39)
Escritura e Exclusão do Sacramento
Hartwig afirma que “as Escrituras Sagradas falam também sobre a exclusão da Santa Ceia daqueles que tem uma confissão de fé diferente, já que a Santa Ceia contém o coração do Evangelho e é um testemunho da unidade de fé”. E Segue fazendo referências a 1Co 11.26 e Rm 16.17. (40)
E os que são membros de outras igrejas?
Walther também é citado por Hartwig, “participação no Sacramento da Santa Ceia é comunhão eclesiástica e esta não pode existir quando há diferentes confissões de fé envolvidas” (Teses sobre comunhão de altar com heterodoxos, 1870). (41)
Hartwig também faz uma citação de Donald Deffner, “também pelo chamar bem-vinda uma pessoa que professa doutrinas falsas, mesmo que seja um cristão praticante, nos tornaríamos participantes em seus pecados e ensino”. (42)
Também Hartwig afirma que “Deveria ser notado também que a maioria dos cristãos continuam mantendo a prática da comunhão fechada e que a maioria dos grupos luteranos nos Estados Unidos, incluindo aqueles que possuem uma prática diferente hoje, em algum momento tivera como prática a comunhão fechada ou restrita. (43)
Ensino precede a participação
O autor do capítulo, ‘Santa Ceia’, Seltz, lembra que os jovens da igreja luterana recebem instrução na Palavra de Deus e sobre as principais doutrinas da fé cristã para que então participem da Ceia do Senhor. Ou seja, o ensino precede a participação. E não participam para depois serem instruídos. (44)
O texto também lembra que a pessoa precisa estar preparada para participar da Santa Ceia. Como isso acontece? Por meio da fé em Cristo. Fé que é dada por Deus. Para Lutero, “digno e preparado é o que crê nas palavras, ‘dado e derramado...’”. Assim é lembrado que o Reformador assumia que primeiro a pessoa teria estudado e conhecido todas as partes do Catecismo antes de vir à Ceia. (45)
Diferença entre Comunhão Fechada e Aberta
Gregory Seltz apresenta as diferenças entre Comunhão Fechada e Comunhão Aberta no capítulo que escreveu para o livro, The Lutheran Difference:
“Comunhão Fechada: a grande maioria das congregações cristãs no mundo mantém a prática antiga da comunhão fechada. Por exemplo, Igreja Ortodoxa Oriental, Católicos Romanos, Igreja Luterana Sínodo de Missouri, Sínodo Evangélico Luterano de Wisconsin, Associação de Igrejas Presbiterianas Reformadas e algumas igrejas Anabatistas praticam a comunhão fechada. Isto é, eles apenas comungam membros de congregações com as quais têm comunhão oficial. Exceções podem ser feitas em casos de cuidado pastoral.
Comunhão Aberta: a minoria das congregações, influenciadas especialmente pelo movimento ecumênico do século XIX, praticam a comunhão aberta. Isto é, eles comungam pessoas sem considerar a crença ou filiação denominacional (a maioria esperam que a pessoa seja batizada antes que ele ou ela receba a Santa Ceia)”. (46)
Notas:
38) SELTZ, Gregory. The Lord’s Supper. In: The Lutheran Difference: an explanation and Comparison of Christian Beliefs. Edward A. Engelbrecht, General Editor. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2010., pp.401-436.
39) Idem, p.429.
40) Idem, p. 430.
41) Idem, p.430.
42) Idem, p. 431.
43) Idem, p. 431.
44) Idem, p.404.
45) Idem, pp.425-426.
46) Idem, pp. 423-424.
Comunhão Fechada: testemunho... C.F.W. Walther
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
Autor: André dos Santos Dreher
WALTHER, C.F.W. – Pastoral Theology (35) [Teologia Pastoral]
Pessoas de Outras Denominações Participando da Ceia na Igreja Luterana?
Falando sobre a possibilidade da participação de pessoas membros de outras denominações religiosas na Santa Ceia em Igreja Luteranas, o Dr. Walther afirma, “Todo aquele que não confessa a fé que o verdadeiro corpo de Jesus Cristo está verdadeiramente e realmente presente na Santa Ceia e que é recebido por todos os comungantes, dignos e indignos, não pode discernir o corpo do Senhor (1Co 11.29) e, dessa forma, não pode ser admitido à Santa Ceia, sob qualquer circunstância (veja Gerhard, op.cit, sec.222). Mas até mesmo aquele que confessa a real presença de Cristo não pode ser ordinariamente admitido se ele é e deseja permanecer, não um membro de nossa igreja ortodoxa, mas, ao invés disso, um Separatista, Romanista, Reformado, assim chamado Evangélico ou Unionista, Metodista, Batista, em resumo, um membro de uma comunhão errante. Pois o Sacramento, como ele é um selo da fé, é também um estandarte da comunhão na qual ele é administrado”. (36)
E ainda cita as palavras de Mich. Mueling, “Os santos Sacramentos são símbolos, sinais de reconhecimento, enigmas da confissão cristã da verdade celestial, da fé viva, e da verdadeira comunhão da Igreja de Cristo. Dessa forma, aqueles que consentem com doutrina falsa, errante, não podem usar os Sacramentos sem uma consciência e nome maus, de fato, sem dar ofensa àqueles que são fracos na fé”. (37)
Notas:
35) WALTHER, C. F. W. Pastoral Theology. Traduzido para o inglês por John M. Drickamer. New Haven, MO: Lutheran News, INC, 1995.
36) Idem, p. 148.
37) Idem, p.148-149.
Autor: André dos Santos Dreher
WALTHER, C.F.W. – Pastoral Theology (35) [Teologia Pastoral]
Pessoas de Outras Denominações Participando da Ceia na Igreja Luterana?
Falando sobre a possibilidade da participação de pessoas membros de outras denominações religiosas na Santa Ceia em Igreja Luteranas, o Dr. Walther afirma, “Todo aquele que não confessa a fé que o verdadeiro corpo de Jesus Cristo está verdadeiramente e realmente presente na Santa Ceia e que é recebido por todos os comungantes, dignos e indignos, não pode discernir o corpo do Senhor (1Co 11.29) e, dessa forma, não pode ser admitido à Santa Ceia, sob qualquer circunstância (veja Gerhard, op.cit, sec.222). Mas até mesmo aquele que confessa a real presença de Cristo não pode ser ordinariamente admitido se ele é e deseja permanecer, não um membro de nossa igreja ortodoxa, mas, ao invés disso, um Separatista, Romanista, Reformado, assim chamado Evangélico ou Unionista, Metodista, Batista, em resumo, um membro de uma comunhão errante. Pois o Sacramento, como ele é um selo da fé, é também um estandarte da comunhão na qual ele é administrado”. (36)
E ainda cita as palavras de Mich. Mueling, “Os santos Sacramentos são símbolos, sinais de reconhecimento, enigmas da confissão cristã da verdade celestial, da fé viva, e da verdadeira comunhão da Igreja de Cristo. Dessa forma, aqueles que consentem com doutrina falsa, errante, não podem usar os Sacramentos sem uma consciência e nome maus, de fato, sem dar ofensa àqueles que são fracos na fé”. (37)
Notas:
35) WALTHER, C. F. W. Pastoral Theology. Traduzido para o inglês por John M. Drickamer. New Haven, MO: Lutheran News, INC, 1995.
36) Idem, p. 148.
37) Idem, p.148-149.
terça-feira, 21 de março de 2017
Comunhão Fechada: testemunho.... Werner Elert
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história
...
W. Elert: Eucharist and Church Fellowship in the First Four Centuries (4) [Eucaristia e Comunhão Eclesiástica nos Quatro Primeiros Séculos]
Divisão na Igreja
Elert lembra que há pessoas que pensam que as divisões da Igreja e na Mesa do Senhor tem uma história de pouco mais de 500 anos. Para mostrar que isso não é verdade ele cita as divisões entre a Igreja Oriental, entre Monofisitas e Nestorianos, cerca de 500 anos e 1000 anos antes da Reforma, respectivamente .(5) E ainda afirma, “entretanto, ao contrário do que dizem em nossos dias, as divisões da Igreja não começaram com a Reforma. A igreja sempre, e desde o seu começo, sofreu tais divisões. Desde o dia dos apóstolos a Igreja tem enfrentado a questão de como essas divisões afetam a comunhão de altar”.(6)
Comunhão não é Arranjo Humano
Schleirmacher afirmava que comunhão eclesiástica dava-se por meio de ações voluntárias de homens e que estes estão e são livres para fazerem seus próprios acordos e arranjos. Entretanto Elert lembra que esse tipo de pensamento pode conduzir pessoas a entrarem em comunhão eclesiástica (de púlpito e de altar) sem total acordo eclesiástico e doutrinário.(7)
Comunhão não é produzida por um ato humano. “O que conecta as pessoas que recebem a Ceia do Senhor não é que eles tem alguma coisa um com o outro, sua relação humana um com o outro, mas o que eles compartilham junto”.(8)
Logo, quem faz com que haja comunhão consigo mesmo e entre o povo de Deus, é o próprio Salvador Jesus. Por isso Elert lembra, “A Eucaristia faz de nós um só corpo. Ela une todos com Cristo e também um com o outro”. (9)
Participar na Ceia = ter a mesma confissão de fé
Para que a pessoa possa participar da Ceia precisa ter a mesma fé que é confessada pela igreja. Elert lembra, “Pela sua participação na Santa Ceia numa determinada Igreja, o cristão declara que a confissão daquela Igreja é sua confissão. Já que uma pessoa não pode ter, ao mesmo tempo, duas confissões diferentes, não pode comungar em duas igrejas com confissões diferentes. Se alguém procede dessa forma, nega a sua própria confissão de fé ou não tem nenhuma confissão de fé”.(10)
Elert lembra que na Igreja Antiga, “Em cada caso, participação na Santa Ceia completa a recepção na comunhão da Igreja. Sem comunhão com a igreja, sem comunhão de altar”.(11) Logo, estava bem claro para os cristãos da Igreja Antiga quem era da Igreja e quem não era. Dentro dela estavam os ortodoxos, fora estavam os heréticos.(12)
Ensinos Errôneos Dentro da Igreja
O autor também lembra que muitas coisas que perturbaram a Igreja cristã nos primeiros séculos entraram por meio do culto, pregação e sacramentos.(13)
Reconhecer Jesus como Senhor e Salvador
Elert lembra que em seus dias, para alguns grupos de cristãos, a unidade da igreja era proporcionada pelo reconhecimento de “Jesus como Senhor e Salvador”. Por isso afirma que se assim fosse, “nada teria permanecido no caminho contra a intercomunhão com Marcião, Valentino e com os Montanistas”.(14)
Ceia = Comunhão de Igreja
Na Igreja antiga, a Santa Ceia era sempre entendida como o que unia os participantes. Logo, havia uma forte ligação entre estar excluído de participar da Santa Ceia e estar excluído da igreja.(15) Isto é, pequena excomunhão e grande excomunhão (excomunhão da Igreja).
Para Elert, onde a Santa Ceia é celebrada há comunhão da igreja. Por isso afirma, “se um homem não está em harmonia com a confissão de uma igreja, ele não pode receber a Comunhão quando o Sacramento é celebrado e distribuído lá”.(16)
Santa Ceia e unidade
Para o autor, Santa Ceia e unidade da igreja, do povo de Deus, estão intimamente ligadas: “a unidade da congregação local é expressa de forma concreta quando seus membros celebram a Santa Ceia juntos”.(17)
“A Igreja Antiga nunca esteve em dúvida de que a unidade em doutrina é um pré-requisito para comunhão de altar. Ninguém que ensinava falsa doutrina podia receber a Santa Comunhão numa congregação ortodoxa”.(18)
Elert lembra que houve momento na história da Igreja Antiga em que correntes diferentes do cristianismo foram unidas por decisão imperial. Os membros das igrejas acabavam indo junto à Santa Ceia. Assim colocavam de lado e como irrelevantes a desunião confessional ou o que os dividia. Por isso, ao “participar da Ceia juntos, estavam apenas mostrando uma unidade que não existiu”. (19)
Como a unidade da igreja pode se estabelecida?
“A unidade somente pode ser estabelecida ou reestabelecida se as congregações ficarem firmadas no puro Evangelho e se elas pronunciarem seu anátema contra todos os outros evangelhos e contra todo homem que prega outro evangelho”. (20)
“A unidade da igreja não é o alvo quando se celebra a Ceia do Senhor junto, mas o pré-requisito indispensável”.(21)
Comunhão Fechada: Batizados e Comunhão
A prática da Igreja antiga era a comunhão fechada, restrita a membros batizados da congregação. Era uma comunhão exclusiva. Não era para todos os que participavam dos cultos.(22)
Elert lembra que “apesar de a pessoa ter que primeiro ser batizada para que na sequencia participe da Santa Ceia, isso não significa que todos os batizados, sem distinção, participem da Eucaristia juntos”.(23) Por isso ele pergunta, “está em harmonia com a comunhão do corpo de Cristo que cristãos que não são um devam ir para a Santa Comunhão juntos?”. (24)
Para Elert “a Eucaristia é comunhão fechada porque a participação é negada não apenas aos não-batizados mas, em certas circunstâncias, também é negada a batizados”.(25) E, nesse sentido, heresia e apostasia excluem o homem da comunhão com a igreja. (26)
Visitantes e Viajantes
Na Igreja Antiga, visitantes e viajantes deveriam apresentar cartas de recomendações para que pudessem participar da santa Ceia em congregação de outra cidade ou região. O Sínodo de Antioquia (341) fez a seguinte recomendação: “nenhum estrangeiro deve ser recebido sem uma Carta de Paz”.(27)
Culto e Confissão de Fé
Para o autor, “Confissão de fé ortodoxa é culto divino”.(28) Vale lembrar que falsa doutrina, heresia, explícita ou escondida, desagrada, ofende a Deus. Por isso Elert segue dizendo, “Confissão de fé é culto. E vice-versa: todo culto divino é confissão”.(29)
A doutrina da igreja está expressa em sua liturgia. A liturgia e todo o culto mostra onde está firmada a esperança, a fé do povo de Deus, sua confissão de fé. Mais adiante Elert afirma, “Dogma é o conteúdo básico do culto divino.” (30)
Confissão de Fé e Unidade
“Dogma é uma expressão de fé, uma confissão do que é crido. Não é um ato pessoal de crer que forma a unidade mas o que é crido”.(31) “Dogma é confissão de fé. Se não há concórdia no que é confessado, a unidade da igreja é, a princípio, duvidosa”.(32)
Elert lembra que na Igreja Antiga, “a comunhão de altar era possível apenas onde havia unidade confessional”. (33)
Admitir Visitantes não membros é Teoria Moderna
“A teoria moderna que diz que qualquer um pode ser admitido ‘como um convidado’ ao Sacramento em uma igreja de confissão diferente, que pessoas podem comungar aqui e ali apesar da ausência de comunhão total de igreja, é desconhecida na igreja antiga, de fato, inconcebível”. (34)
Notas:
4) ELERT, Werner. Eucharist and Church Fellowship in the First Four Centuries. Traduzido para o inglês por N.E. Nagel. St. Louis: Concordia Publishing House, 1966.
5)Idem, p. 43.
6) Idem, p.44.
7) Idem, pp 2-3.
8) Idem, p. 4-5.
9) Idem, p. 30.
10) Idem, p. 182.
11) Idem, p. 116.
12) Cf. p. 114ss.
13) Idem, p. 49.
14) Idem, p. 52. Marcião (séc. II) rejeitou a validade do Antigo Testamento para cristãos já que, para ele, o Deus apresentado nesse Testamento era incompatível com o Deus amoroso revelado por meio de Jesus Cristo; Valentino (séc. II) ligou o cristianismo com ensinamentos gnósticos e politeístas; Montanistas (séc. II) nomeados após Montano, que liderou um movimento profético que previa o retorno iminente de Cristo, propôs também um moralismo estrito aos fiéis que aguardavam o fim do mundo. [dados do Pocket Dictionary of Theological Terms].
15) Idem, p. 27.
16) Idem, p.193.
17) Idem, p. 100.
18) Idem, p.109.
19) Idem, p. 193.
20) Idem, p.46.
21) Idem, p.180.
22)Cf. pp. 65,75-76, 79.
23) Idem, p.80.
24) Idem, p.80.
25) Idem, p.85.
26) Idem, p. 86.
27Idem, p. 131.
28) Idem, p.111.
29) Idem, p.112.
30) Idem, p. 144.
31) Idem, p.143.
32) Idem, p.156.
33) Idem, p. 169.
34) Idem, p. 175
...
W. Elert: Eucharist and Church Fellowship in the First Four Centuries (4) [Eucaristia e Comunhão Eclesiástica nos Quatro Primeiros Séculos]
Divisão na Igreja
Elert lembra que há pessoas que pensam que as divisões da Igreja e na Mesa do Senhor tem uma história de pouco mais de 500 anos. Para mostrar que isso não é verdade ele cita as divisões entre a Igreja Oriental, entre Monofisitas e Nestorianos, cerca de 500 anos e 1000 anos antes da Reforma, respectivamente .(5) E ainda afirma, “entretanto, ao contrário do que dizem em nossos dias, as divisões da Igreja não começaram com a Reforma. A igreja sempre, e desde o seu começo, sofreu tais divisões. Desde o dia dos apóstolos a Igreja tem enfrentado a questão de como essas divisões afetam a comunhão de altar”.(6)
Comunhão não é Arranjo Humano
Schleirmacher afirmava que comunhão eclesiástica dava-se por meio de ações voluntárias de homens e que estes estão e são livres para fazerem seus próprios acordos e arranjos. Entretanto Elert lembra que esse tipo de pensamento pode conduzir pessoas a entrarem em comunhão eclesiástica (de púlpito e de altar) sem total acordo eclesiástico e doutrinário.(7)
Comunhão não é produzida por um ato humano. “O que conecta as pessoas que recebem a Ceia do Senhor não é que eles tem alguma coisa um com o outro, sua relação humana um com o outro, mas o que eles compartilham junto”.(8)
Logo, quem faz com que haja comunhão consigo mesmo e entre o povo de Deus, é o próprio Salvador Jesus. Por isso Elert lembra, “A Eucaristia faz de nós um só corpo. Ela une todos com Cristo e também um com o outro”. (9)
Participar na Ceia = ter a mesma confissão de fé
Para que a pessoa possa participar da Ceia precisa ter a mesma fé que é confessada pela igreja. Elert lembra, “Pela sua participação na Santa Ceia numa determinada Igreja, o cristão declara que a confissão daquela Igreja é sua confissão. Já que uma pessoa não pode ter, ao mesmo tempo, duas confissões diferentes, não pode comungar em duas igrejas com confissões diferentes. Se alguém procede dessa forma, nega a sua própria confissão de fé ou não tem nenhuma confissão de fé”.(10)
Elert lembra que na Igreja Antiga, “Em cada caso, participação na Santa Ceia completa a recepção na comunhão da Igreja. Sem comunhão com a igreja, sem comunhão de altar”.(11) Logo, estava bem claro para os cristãos da Igreja Antiga quem era da Igreja e quem não era. Dentro dela estavam os ortodoxos, fora estavam os heréticos.(12)
Ensinos Errôneos Dentro da Igreja
O autor também lembra que muitas coisas que perturbaram a Igreja cristã nos primeiros séculos entraram por meio do culto, pregação e sacramentos.(13)
Reconhecer Jesus como Senhor e Salvador
Elert lembra que em seus dias, para alguns grupos de cristãos, a unidade da igreja era proporcionada pelo reconhecimento de “Jesus como Senhor e Salvador”. Por isso afirma que se assim fosse, “nada teria permanecido no caminho contra a intercomunhão com Marcião, Valentino e com os Montanistas”.(14)
Ceia = Comunhão de Igreja
Na Igreja antiga, a Santa Ceia era sempre entendida como o que unia os participantes. Logo, havia uma forte ligação entre estar excluído de participar da Santa Ceia e estar excluído da igreja.(15) Isto é, pequena excomunhão e grande excomunhão (excomunhão da Igreja).
Para Elert, onde a Santa Ceia é celebrada há comunhão da igreja. Por isso afirma, “se um homem não está em harmonia com a confissão de uma igreja, ele não pode receber a Comunhão quando o Sacramento é celebrado e distribuído lá”.(16)
Santa Ceia e unidade
Para o autor, Santa Ceia e unidade da igreja, do povo de Deus, estão intimamente ligadas: “a unidade da congregação local é expressa de forma concreta quando seus membros celebram a Santa Ceia juntos”.(17)
“A Igreja Antiga nunca esteve em dúvida de que a unidade em doutrina é um pré-requisito para comunhão de altar. Ninguém que ensinava falsa doutrina podia receber a Santa Comunhão numa congregação ortodoxa”.(18)
Elert lembra que houve momento na história da Igreja Antiga em que correntes diferentes do cristianismo foram unidas por decisão imperial. Os membros das igrejas acabavam indo junto à Santa Ceia. Assim colocavam de lado e como irrelevantes a desunião confessional ou o que os dividia. Por isso, ao “participar da Ceia juntos, estavam apenas mostrando uma unidade que não existiu”. (19)
Como a unidade da igreja pode se estabelecida?
“A unidade somente pode ser estabelecida ou reestabelecida se as congregações ficarem firmadas no puro Evangelho e se elas pronunciarem seu anátema contra todos os outros evangelhos e contra todo homem que prega outro evangelho”. (20)
“A unidade da igreja não é o alvo quando se celebra a Ceia do Senhor junto, mas o pré-requisito indispensável”.(21)
Comunhão Fechada: Batizados e Comunhão
A prática da Igreja antiga era a comunhão fechada, restrita a membros batizados da congregação. Era uma comunhão exclusiva. Não era para todos os que participavam dos cultos.(22)
Elert lembra que “apesar de a pessoa ter que primeiro ser batizada para que na sequencia participe da Santa Ceia, isso não significa que todos os batizados, sem distinção, participem da Eucaristia juntos”.(23) Por isso ele pergunta, “está em harmonia com a comunhão do corpo de Cristo que cristãos que não são um devam ir para a Santa Comunhão juntos?”. (24)
Para Elert “a Eucaristia é comunhão fechada porque a participação é negada não apenas aos não-batizados mas, em certas circunstâncias, também é negada a batizados”.(25) E, nesse sentido, heresia e apostasia excluem o homem da comunhão com a igreja. (26)
Visitantes e Viajantes
Na Igreja Antiga, visitantes e viajantes deveriam apresentar cartas de recomendações para que pudessem participar da santa Ceia em congregação de outra cidade ou região. O Sínodo de Antioquia (341) fez a seguinte recomendação: “nenhum estrangeiro deve ser recebido sem uma Carta de Paz”.(27)
Culto e Confissão de Fé
Para o autor, “Confissão de fé ortodoxa é culto divino”.(28) Vale lembrar que falsa doutrina, heresia, explícita ou escondida, desagrada, ofende a Deus. Por isso Elert segue dizendo, “Confissão de fé é culto. E vice-versa: todo culto divino é confissão”.(29)
A doutrina da igreja está expressa em sua liturgia. A liturgia e todo o culto mostra onde está firmada a esperança, a fé do povo de Deus, sua confissão de fé. Mais adiante Elert afirma, “Dogma é o conteúdo básico do culto divino.” (30)
Confissão de Fé e Unidade
“Dogma é uma expressão de fé, uma confissão do que é crido. Não é um ato pessoal de crer que forma a unidade mas o que é crido”.(31) “Dogma é confissão de fé. Se não há concórdia no que é confessado, a unidade da igreja é, a princípio, duvidosa”.(32)
Elert lembra que na Igreja Antiga, “a comunhão de altar era possível apenas onde havia unidade confessional”. (33)
Admitir Visitantes não membros é Teoria Moderna
“A teoria moderna que diz que qualquer um pode ser admitido ‘como um convidado’ ao Sacramento em uma igreja de confissão diferente, que pessoas podem comungar aqui e ali apesar da ausência de comunhão total de igreja, é desconhecida na igreja antiga, de fato, inconcebível”. (34)
Notas:
4) ELERT, Werner. Eucharist and Church Fellowship in the First Four Centuries. Traduzido para o inglês por N.E. Nagel. St. Louis: Concordia Publishing House, 1966.
5)Idem, p. 43.
6) Idem, p.44.
7) Idem, pp 2-3.
8) Idem, p. 4-5.
9) Idem, p. 30.
10) Idem, p. 182.
11) Idem, p. 116.
12) Cf. p. 114ss.
13) Idem, p. 49.
14) Idem, p. 52. Marcião (séc. II) rejeitou a validade do Antigo Testamento para cristãos já que, para ele, o Deus apresentado nesse Testamento era incompatível com o Deus amoroso revelado por meio de Jesus Cristo; Valentino (séc. II) ligou o cristianismo com ensinamentos gnósticos e politeístas; Montanistas (séc. II) nomeados após Montano, que liderou um movimento profético que previa o retorno iminente de Cristo, propôs também um moralismo estrito aos fiéis que aguardavam o fim do mundo. [dados do Pocket Dictionary of Theological Terms].
15) Idem, p. 27.
16) Idem, p.193.
17) Idem, p. 100.
18) Idem, p.109.
19) Idem, p. 193.
20) Idem, p.46.
21) Idem, p.180.
22)Cf. pp. 65,75-76, 79.
23) Idem, p.80.
24) Idem, p.80.
25) Idem, p.85.
26) Idem, p. 86.
27Idem, p. 131.
28) Idem, p.111.
29) Idem, p.112.
30) Idem, p. 144.
31) Idem, p.143.
32) Idem, p.156.
33) Idem, p. 169.
34) Idem, p. 175
segunda-feira, 20 de março de 2017
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história (1)
Olá amigos e irmãos em Cristo! Nos próximos dias estarei compartilhando um texto que elaborei em 2014. Na verdade, é uma compilação de citações de teólogos Luteranos, de forma especial, a maneira como abordaram o tema Santa Ceia e a Comunhão Fechada.
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história (1)
Autor: André dos Santos Dreher(2)
Introdução
O tema Santa Ceia tem levado cristãos ao longo da história a refletir, a escrever, a expressar seus posicionamentos em relação a este Sacramento. O objetivo do presente material é levar o leitor a uma reflexão sobre a prática da comunhão fechada na celebração da Santa Ceia na Igreja Cristã ao longo da história bem como ver o que alguns teólogos luteranos falaram sobre o assunto. (3)
As citações estão organizadas por livro/texto citado. Títulos são colocados antecedendo cada citação ou comentário.
Notas:
1) O presente texto foi elaborado para o Encontro de pastores do Distrito Salto do Yucumã, realizado em 25 de fevereiro de 2014 em Frederico Westphalen, RS.
2) É pastor da Paróquia Evangélica Luterana “Cristo Redentor” de Frederico Westphalen, RS. Bacharel em Teologia pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, campus Canoas, RS, e Especialista em Teologia pelo Seminário Concórdia – Faculdade de Teologia, São Leopoldo, RS. As traduções das citações em inglês foram feitas pelo mesmo.
3)Vale lembrar que este material, por motivo de brevidade, não contém notas e textos dos Catecismos de Lutero ou outros de seus escritos, nem da Fórmula de Concórdia e Livro de Concórdia, o que é altamente recomendado ao leitor para seu estudo e reflexão particular.
Comunhão Fechada: testemunho de teólogos luteranos ao longo da história (1)
Autor: André dos Santos Dreher(2)
Introdução
O tema Santa Ceia tem levado cristãos ao longo da história a refletir, a escrever, a expressar seus posicionamentos em relação a este Sacramento. O objetivo do presente material é levar o leitor a uma reflexão sobre a prática da comunhão fechada na celebração da Santa Ceia na Igreja Cristã ao longo da história bem como ver o que alguns teólogos luteranos falaram sobre o assunto. (3)
As citações estão organizadas por livro/texto citado. Títulos são colocados antecedendo cada citação ou comentário.
Notas:
1) O presente texto foi elaborado para o Encontro de pastores do Distrito Salto do Yucumã, realizado em 25 de fevereiro de 2014 em Frederico Westphalen, RS.
2) É pastor da Paróquia Evangélica Luterana “Cristo Redentor” de Frederico Westphalen, RS. Bacharel em Teologia pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, campus Canoas, RS, e Especialista em Teologia pelo Seminário Concórdia – Faculdade de Teologia, São Leopoldo, RS. As traduções das citações em inglês foram feitas pelo mesmo.
3)Vale lembrar que este material, por motivo de brevidade, não contém notas e textos dos Catecismos de Lutero ou outros de seus escritos, nem da Fórmula de Concórdia e Livro de Concórdia, o que é altamente recomendado ao leitor para seu estudo e reflexão particular.
sexta-feira, 17 de março de 2017
Agradecimento: Leitura Textos Comunhão Fechada
Olá amigos e irmãos em Cristo!
Estou passando aqui para agradecer a todos que leram, compartilharam e refletiram sobre o tema “Comunhão Fechada” presente em três publicações que fiz na presente semana. Foram muitas as visualizações e compartilhamentos. Fico imensamente agradecido, mas, ao mesmo tempo, quero lembrar que recebo isso com humildade, com surpresa e com carinho. Por isso quero também dizer mais algumas palavras:
Seguirei compartilhando, conforme tiver oportunidade, textos e reflexões sobre a teologia e prática da Santa Ceia, de forma especial, nas próximas publicações sobre comunhão fechada, como foram os primeiros três textos. Também quero seguir compartilhando textos sobre outros temas da fé cristã. Siga o blog ou dê uma “espiada” quando puder! Fique sempre à vontade para compartilhar os textos.
Quero lembrar que as publicações refletem em boa parte a vida congregacional da Igreja Evangélica Luterana do Brasil – IELB, teologia, práticas, desafios, dificuldades, etc. Não falo a pedido ou em nome da IELB. Sou um pastor da referida igreja que está esboçando em publicações a sua reflexão pessoal. Os textos procuram atingir leigos e pastores da IELB bem como cristãos de outras denominações. Procuro seguir com uma linguagem que atinja os diferentes públicos.
Os comentários mais enfáticos não tem o objetivo de ofender ninguém. Mas eles têm o objetivo de levar a reflexão sobre doutrina e prática da Igreja. Outro objetivo é a busca pela melhor forma de ser fiel a Deus, às Escrituras Sagradas, às Confissões Luteranas e servir ao povo de propriedade de Cristo.
No início do século XX foi dito que “doutrina divide”. Isso não é verdade! O que divide é doutrina falsa, heresia. Doutrina verdadeira e fiel reflete o ensino da Escritura Sagrada. Portanto, doutrina verdadeira é divina, é dádiva de Deus e não de homens. Doutrina e prática das igrejas cristãs devem estar de acordo com a Palavra de Deus, de acordo com a sã doutrina.
Mais uma vez, a minha gratidão a todos. Desejo um abençoado fim de semana na certeza da companhia e do amor de Jesus Cristo, o Senhor da Igreja.
Estou passando aqui para agradecer a todos que leram, compartilharam e refletiram sobre o tema “Comunhão Fechada” presente em três publicações que fiz na presente semana. Foram muitas as visualizações e compartilhamentos. Fico imensamente agradecido, mas, ao mesmo tempo, quero lembrar que recebo isso com humildade, com surpresa e com carinho. Por isso quero também dizer mais algumas palavras:
Seguirei compartilhando, conforme tiver oportunidade, textos e reflexões sobre a teologia e prática da Santa Ceia, de forma especial, nas próximas publicações sobre comunhão fechada, como foram os primeiros três textos. Também quero seguir compartilhando textos sobre outros temas da fé cristã. Siga o blog ou dê uma “espiada” quando puder! Fique sempre à vontade para compartilhar os textos.
Quero lembrar que as publicações refletem em boa parte a vida congregacional da Igreja Evangélica Luterana do Brasil – IELB, teologia, práticas, desafios, dificuldades, etc. Não falo a pedido ou em nome da IELB. Sou um pastor da referida igreja que está esboçando em publicações a sua reflexão pessoal. Os textos procuram atingir leigos e pastores da IELB bem como cristãos de outras denominações. Procuro seguir com uma linguagem que atinja os diferentes públicos.
Os comentários mais enfáticos não tem o objetivo de ofender ninguém. Mas eles têm o objetivo de levar a reflexão sobre doutrina e prática da Igreja. Outro objetivo é a busca pela melhor forma de ser fiel a Deus, às Escrituras Sagradas, às Confissões Luteranas e servir ao povo de propriedade de Cristo.
No início do século XX foi dito que “doutrina divide”. Isso não é verdade! O que divide é doutrina falsa, heresia. Doutrina verdadeira e fiel reflete o ensino da Escritura Sagrada. Portanto, doutrina verdadeira é divina, é dádiva de Deus e não de homens. Doutrina e prática das igrejas cristãs devem estar de acordo com a Palavra de Deus, de acordo com a sã doutrina.
Mais uma vez, a minha gratidão a todos. Desejo um abençoado fim de semana na certeza da companhia e do amor de Jesus Cristo, o Senhor da Igreja.
quinta-feira, 16 de março de 2017
Comunhão Fechada: Catecismo Menor e Liturgia Luterana (Culto Luterano)
A comunhão fechada, isto é, a participação na Santa Ceia restrita aos membros da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), é prática comum e oficial da igreja – e não é de hoje, pergunte aos seus pais, avós, bisavós... Como veremos abaixo, o Catecismo Menor, em uso em uso na igreja para a instrução de confirmandos, as liturgias para a Confirmação e Profissão de Fé comprovam que até o momento da Profissão de Fé ou da Confirmação, o adulto ou o jovem não participavam da Santa Ceia.
Vale lembrar que a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, suas congregações e pastores não praticam a Comunhão Fechada por preconceito ou desprezo às pessoas de outras denominações cristãs ou pessoas que não pertencem à igreja alguma. A IELB faz isso por amor cristão, procurando ensinar e testemunhar o que crê, ensina e confessa sobre a Santa Ceia para que a pessoa, após ser recebida como membro da igreja, possa receber o verdadeiro corpo e sangue de Cristo em, com e sob os elementos do pão e do vinho bem como as bênçãos espirituais que o Senhor concede às sua ovelhas.
No Catecismo Menor que usamos para instruir as crianças e jovens nas principais doutrinas cristãs, lemos na pergunta nº 375: “Que é a Confirmação? Confirmação é uma cerimônia pública precedida por um período de instrução designada a ajudar aos cristãos batizados a conhecerem melhor a Bíblia e suas principais doutrinas, para poderem distinguir a verdade do erro, crescer na fé, na vida santificada e na vida congregacional. Após são convidados a publicamente reafirmarem seu voto batismal e sua disposição de continuarem fiéis à Confissão Luterana. Adultos que queiram se filiar a alguma de nossas comunidades e igreja são convidados a fazerem um curso específico, para então fazerem sua profissão de fé. Confirmação e Profissão de Fé são cerimônias requeridas, em nossa igreja, para alguém tornar-se membro comungante, isto é, com o privilégio de participar da Santa Ceia conosco”. (1)
Na cerimônia de Confirmação, após a Oração Geral da Igreja, os confirmandos tendo feito a sua afirmação da aliança batismal, tendo confessado as doutrinas ensinadas pela Igreja Evangélica Luterana como doutrina “correta, tirada da Palavra de Deus”, tendo feito a promessa de permanecerem firmes nessa confissão de fé, etc., ouvem do pastor, “Diante da confissão que acabaram de proferir, posso convidá-los a participarem da Ceia do Senhor e de todas as bênçãos que Deus confere à sua Igreja. Exorto-os a permanecerem firmes naquilo que aprenderam, dando testemunho da verdade para os que não creem”. (2)
Em relação à recepção de adultos como membros da IELB e, consequentemente, como membros comungantes, vemos na liturgia a seguinte orientação: no culto público, após a Oração Geral da Igreja, a pessoa (ou mais) a ser recebida como membro da congregação é chamada à postar-se diante do altar. O pastor lembra à congregação que a pessoa ali presente estudou as principais doutrinas da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e que está ali para professar publicamente a sua fé. Então, em forma de questionário, o pastor chama a pessoa a confessar e aceitar que as doutrinas ensinadas e confessadas pela IELB como verdadeiro ensino da Palavra de Deus, a fazer a promessa solene de permanecer firme nesta confissão de fé, levando uma vida orientada pela Escritura e dedicada ao Senhor e fazendo uso do meios da graça. Tendo a pessoa respondido “sim”, o pastor afirma: “Diante da confissão que acabaram de fazer, eu recebo vocês como membros da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e desta congregação. Exorto-os a permanecer firmes em tudo que aprenderam, dando testemunho da verdade para os que não creem. Convido-os a participar conosco da Ceia do Senhor e de todas as bênçãos que Deus confere à sua Igreja. Em nome do + Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém”. (3)
Também é importante lembrar aqui que no Regimento da IELB, o pastor é chamado a “Usar formas cúlticas, hinos e manuais de instrução doutrinários que estejam de acordo com a Escritura Sagrada e as Confissões Luteranas;”. Tanto a liturgia como o Catecismo Menor são reconhecidos oficialmente pela IELB para o culto, ou Ordem do Culto Divino, e para a Instrução. Estes manuais refletem a nossa prática como sínodo. A nossa prática reflete o que cremos, ensinamos e confessamos e vice-versa.
Colegas pastores da IELB, amigos e irmãos em Cristo, membros das congregações, valorizemos os materiais e as formas de culto e ensino propostas pela nossa igreja. Não deixemos de lado o que nossos pais nos legaram! Não joguemos fora nossa liturgia, nosso hinário e nosso catecismo – se não quisermos saber destes, estaremos jogando junto a própria Escritura!
A prática da comunhão aberta (convidar todos) e a prática da comunhão funcionalmente aberta (convidar aqueles que respondem a um questionário sobre a Ceia com a resposta “sim"), parecem ser práticas amorosas às pessoas. Porém elas trazem dois recados, que podem ser entendidos pelos visitantes, “pode vir, a responsabilidade é sua, não minha/nossa”, “pode vir, a Santa Ceia e a Doutrina não são coisas importantes para nós”. O pastor e a igreja precisam se preocupar, sim, com o ensino, com a Ordem de Culto e com as pessoas! Nossos materiais institucionais apresentam essa preocupação e o amor de Deus para com o pecador.
Notas:
1) Catecismo Menor de Martinho Lutero com Explicações de Heinrich Christian Schwan. Traduzido por Rodolpho Hasse; Editado por Nilo Wachholz. 37ª ed., rev. e ampl. Porto Alegre: Concórdia, 2016. (ênfases minhas)
2) Culto Luterano: liturgia e orações. Organizado e revisado pela Comissão de Culto da Igreja Evangélica Luterana do Brasil. Porto Alegre: Concórdia, 2015, p.144. Esta é uma das opções. A opção número II diz, “... como membros da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e desta congregação, convido-os a participar da Santa Ceia...” (ênfases minhas)
3) Idem., p.149. (ênfases minhas)
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Obs: em 25/Ago/2017 mudei o último parágrafo. O texto publicado anteriormente dizia, "Porém elas trazem dois recados embutidos nas entrelinhas, “pode vir, a responsabilidade é sua, não minha/nossa”, “pode vir, a Santa Ceia e a Doutrina não são coisas importantes para nós”. O pastor e a igreja precisam se preocupar, sim, com o ensino, com a Ordem de Culto e com as pessoas! Nossos materiais institucionais apresentam essa preocupação e o amor de Deus para com o pecador".
Vale lembrar que a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, suas congregações e pastores não praticam a Comunhão Fechada por preconceito ou desprezo às pessoas de outras denominações cristãs ou pessoas que não pertencem à igreja alguma. A IELB faz isso por amor cristão, procurando ensinar e testemunhar o que crê, ensina e confessa sobre a Santa Ceia para que a pessoa, após ser recebida como membro da igreja, possa receber o verdadeiro corpo e sangue de Cristo em, com e sob os elementos do pão e do vinho bem como as bênçãos espirituais que o Senhor concede às sua ovelhas.
No Catecismo Menor que usamos para instruir as crianças e jovens nas principais doutrinas cristãs, lemos na pergunta nº 375: “Que é a Confirmação? Confirmação é uma cerimônia pública precedida por um período de instrução designada a ajudar aos cristãos batizados a conhecerem melhor a Bíblia e suas principais doutrinas, para poderem distinguir a verdade do erro, crescer na fé, na vida santificada e na vida congregacional. Após são convidados a publicamente reafirmarem seu voto batismal e sua disposição de continuarem fiéis à Confissão Luterana. Adultos que queiram se filiar a alguma de nossas comunidades e igreja são convidados a fazerem um curso específico, para então fazerem sua profissão de fé. Confirmação e Profissão de Fé são cerimônias requeridas, em nossa igreja, para alguém tornar-se membro comungante, isto é, com o privilégio de participar da Santa Ceia conosco”. (1)
Na cerimônia de Confirmação, após a Oração Geral da Igreja, os confirmandos tendo feito a sua afirmação da aliança batismal, tendo confessado as doutrinas ensinadas pela Igreja Evangélica Luterana como doutrina “correta, tirada da Palavra de Deus”, tendo feito a promessa de permanecerem firmes nessa confissão de fé, etc., ouvem do pastor, “Diante da confissão que acabaram de proferir, posso convidá-los a participarem da Ceia do Senhor e de todas as bênçãos que Deus confere à sua Igreja. Exorto-os a permanecerem firmes naquilo que aprenderam, dando testemunho da verdade para os que não creem”. (2)
Em relação à recepção de adultos como membros da IELB e, consequentemente, como membros comungantes, vemos na liturgia a seguinte orientação: no culto público, após a Oração Geral da Igreja, a pessoa (ou mais) a ser recebida como membro da congregação é chamada à postar-se diante do altar. O pastor lembra à congregação que a pessoa ali presente estudou as principais doutrinas da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e que está ali para professar publicamente a sua fé. Então, em forma de questionário, o pastor chama a pessoa a confessar e aceitar que as doutrinas ensinadas e confessadas pela IELB como verdadeiro ensino da Palavra de Deus, a fazer a promessa solene de permanecer firme nesta confissão de fé, levando uma vida orientada pela Escritura e dedicada ao Senhor e fazendo uso do meios da graça. Tendo a pessoa respondido “sim”, o pastor afirma: “Diante da confissão que acabaram de fazer, eu recebo vocês como membros da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e desta congregação. Exorto-os a permanecer firmes em tudo que aprenderam, dando testemunho da verdade para os que não creem. Convido-os a participar conosco da Ceia do Senhor e de todas as bênçãos que Deus confere à sua Igreja. Em nome do + Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém”. (3)
Também é importante lembrar aqui que no Regimento da IELB, o pastor é chamado a “Usar formas cúlticas, hinos e manuais de instrução doutrinários que estejam de acordo com a Escritura Sagrada e as Confissões Luteranas;”. Tanto a liturgia como o Catecismo Menor são reconhecidos oficialmente pela IELB para o culto, ou Ordem do Culto Divino, e para a Instrução. Estes manuais refletem a nossa prática como sínodo. A nossa prática reflete o que cremos, ensinamos e confessamos e vice-versa.
Colegas pastores da IELB, amigos e irmãos em Cristo, membros das congregações, valorizemos os materiais e as formas de culto e ensino propostas pela nossa igreja. Não deixemos de lado o que nossos pais nos legaram! Não joguemos fora nossa liturgia, nosso hinário e nosso catecismo – se não quisermos saber destes, estaremos jogando junto a própria Escritura!
A prática da comunhão aberta (convidar todos) e a prática da comunhão funcionalmente aberta (convidar aqueles que respondem a um questionário sobre a Ceia com a resposta “sim"), parecem ser práticas amorosas às pessoas. Porém elas trazem dois recados, que podem ser entendidos pelos visitantes, “pode vir, a responsabilidade é sua, não minha/nossa”, “pode vir, a Santa Ceia e a Doutrina não são coisas importantes para nós”. O pastor e a igreja precisam se preocupar, sim, com o ensino, com a Ordem de Culto e com as pessoas! Nossos materiais institucionais apresentam essa preocupação e o amor de Deus para com o pecador.
Notas:
1) Catecismo Menor de Martinho Lutero com Explicações de Heinrich Christian Schwan. Traduzido por Rodolpho Hasse; Editado por Nilo Wachholz. 37ª ed., rev. e ampl. Porto Alegre: Concórdia, 2016. (ênfases minhas)
2) Culto Luterano: liturgia e orações. Organizado e revisado pela Comissão de Culto da Igreja Evangélica Luterana do Brasil. Porto Alegre: Concórdia, 2015, p.144. Esta é uma das opções. A opção número II diz, “... como membros da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e desta congregação, convido-os a participar da Santa Ceia...” (ênfases minhas)
3) Idem., p.149. (ênfases minhas)
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Obs: em 25/Ago/2017 mudei o último parágrafo. O texto publicado anteriormente dizia, "Porém elas trazem dois recados embutidos nas entrelinhas, “pode vir, a responsabilidade é sua, não minha/nossa”, “pode vir, a Santa Ceia e a Doutrina não são coisas importantes para nós”. O pastor e a igreja precisam se preocupar, sim, com o ensino, com a Ordem de Culto e com as pessoas! Nossos materiais institucionais apresentam essa preocupação e o amor de Deus para com o pecador".
quarta-feira, 15 de março de 2017
Comunhão Aberta ou Funcionalmente Aberta: marketing pós-modernista
No que diz respeito à prática da comunhão fechada na Santa Ceia, nos dias de hoje a Igreja Evangélica Luterana está sofrendo o forte ataque das ideias liberais e relativas do pós-modernismo. E isso acontece em várias denominações cristãs. A verdade é vista como relativa. O egoísmo e pensamentos politicamente corretos querem imperar. A prática histórica e ortodoxa da Igreja Luterana da comunhão fechada tem sido atacada por muitos flancos. Alguns parecem ter medo ou vergonha de falar e ensinar o que cremos, ensinamos e confessamos. Outros têm receio de serem ofensivos aos visitantes. Fica evidente que a ideia do marketing tem começado a entrar em cena.
Com a Igreja Antiga as coisas não eram assim. E a igreja, ao invés de decrescer, crescia cada vez mais. Veja o que diz o prof. Dr. Gene Veith, escritor e membro da Igreja Luterana Sínodo de Missouri, EUA:
“A Igreja primitiva não era dirigida por marketing. Não fez um programa especialmente facilitado para o usuário do Cristianismo. Os não-crentes podiam assistir ao culto da pregação, mas tinham de sair quando se celebrava a Santa Ceia. Os convertidos tinham de passar por abrangentes e extensas catequeses e exames antes de serem aceitos pelo batismo. [...] Não obstante, pelo poder do Espírito Santo, a igreja cresceu como fogo”. (VEITH Jr., Gene Edward. Catequese, Pregação e Vocação in Reforma Hoje: uma convocação feita pelos evangélicos confessionais. Cambuci: Cultura Cristã, 1999, p.83.).
A ideia do marketing é agradar ao cliente. Prega-se e faz-se o que o cliente quer, já que o “cliente é quem manda”, “o cliente sempre tem razão”. Veja abaixo o relato de Veith. Ele lembra que seu pastor foi orientado em uma palestra a parar de pregar sobre o pecado. Imagine qual seria a consequência disso para a doutrina e prática da Santa Ceia, pois Jesus disse, “este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vós para remissão dos pecados”.
Veith diz, “A tentação de pregar o que as pessoas querem ouvir é sempre grande, mas hoje em alguns círculos isso quase se tornou um princípio homilético. Meu próprio pastor conta de ter assistido a uma conferência sobre crescimento da igreja em que foi dito: ‘Não preguem mais sobre o pecado. As pessoas não querem ouvir isso. Vocês precisam dar-lhes uma mensagem positiva’”. (Veith, p.89.)
Com a Igreja Antiga as coisas não eram assim. E a igreja, ao invés de decrescer, crescia cada vez mais. Veja o que diz o prof. Dr. Gene Veith, escritor e membro da Igreja Luterana Sínodo de Missouri, EUA:
“A Igreja primitiva não era dirigida por marketing. Não fez um programa especialmente facilitado para o usuário do Cristianismo. Os não-crentes podiam assistir ao culto da pregação, mas tinham de sair quando se celebrava a Santa Ceia. Os convertidos tinham de passar por abrangentes e extensas catequeses e exames antes de serem aceitos pelo batismo. [...] Não obstante, pelo poder do Espírito Santo, a igreja cresceu como fogo”. (VEITH Jr., Gene Edward. Catequese, Pregação e Vocação in Reforma Hoje: uma convocação feita pelos evangélicos confessionais. Cambuci: Cultura Cristã, 1999, p.83.).
A ideia do marketing é agradar ao cliente. Prega-se e faz-se o que o cliente quer, já que o “cliente é quem manda”, “o cliente sempre tem razão”. Veja abaixo o relato de Veith. Ele lembra que seu pastor foi orientado em uma palestra a parar de pregar sobre o pecado. Imagine qual seria a consequência disso para a doutrina e prática da Santa Ceia, pois Jesus disse, “este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vós para remissão dos pecados”.
Veith diz, “A tentação de pregar o que as pessoas querem ouvir é sempre grande, mas hoje em alguns círculos isso quase se tornou um princípio homilético. Meu próprio pastor conta de ter assistido a uma conferência sobre crescimento da igreja em que foi dito: ‘Não preguem mais sobre o pecado. As pessoas não querem ouvir isso. Vocês precisam dar-lhes uma mensagem positiva’”. (Veith, p.89.)
terça-feira, 14 de março de 2017
Comunhão Fechada: Prática da Igreja Cristã ao Longo da História
“Ao longo da maior parte de sua história, a Igreja tem normalmente praticado a comunhão ‘aproximada’/‘fechada’, isto é, reunindo no círculo da Santa Ceia a família da congregação e daqueles que compartilham com a sua fé e, ao mesmo tempo, pedindo que aqueles que não fazem parte da família que não participem. A prática da comunhão ‘aberta’ – na qual todos são admitidos livremente à Santa Ceia – surgiu num período bem posterior da história da Igreja naqueles territórios onde a doutrina da presença real do corpo e sangue de Cristo e o significado do sacramento, em geral, não eram devidamente valorizados. Na Igreja Antiga aqueles que ainda não eram batizados eram convidados a deixarem a assembleia depois do sermão, antes da recepção da Santa Ceia. Essa prática da igreja reforça o significado do que Deus faz nos Sacramentos pelo seu povo.” (KOLB, Robert. The Christian Faith: a lutheran exposition. St. Louis: Concordia Publishing House, 1993, p. 238-239.)
Precisamos, a partir das afirmações do Rev. Prof. Dr. Robert Kolb, destacar duas coisas: a prática da comunhão fechada não é algo que a Igreja inventou hoje. Ela é uma prática antiga, que remonta aos pais da Igreja. Com o passar dos anos, em territórios e entre grupos que não acreditavam na presença real do corpo e do sangue de Cristo na Santa Ceia é que se passou a admitir todo mundo à Santa Ceia ou à práticas mais “abertas”. Possivelmente isso se deu porque várias denominações creem que é a fé do comungante que faz com que o corpo e o sangue de Cristo estejam presentes e sejam recebidos na Santa Ceia. Logo, o que não crê estaria recebendo apenas pão e vinho. Isso não está de acordo com o que a Escritura afirma, “a pessoa que comer do pão ou beber do cálice sem reconhecer que se trata do corpo do Senhor, estará sendo julgada ao comer e beber para o seu próprio castigo” (1Co 11.29).
O segundo destaque: há aqueles que dizem que a Missão da Igreja e a prática da comunhão fechada não podem andar juntas. Que essa prática atrapalha a missão, que ofende pessoas, etc. A história da Igreja mostra o contrário. A Igreja Antiga tinha a prática da comunhão fechada como regra e a Igreja não parava de crescer. Esse argumento, portanto, cai pelo crivo da História da Igreja. Cai pelo crivo da prática pastoral atual, pois o pastor luterano vai ensinar e orientar sobre a Santa Ceia e sobre o por quê de a Igreja Evangélica Luterana receber apenas seus membros na Santa Comunhão.
Precisamos, a partir das afirmações do Rev. Prof. Dr. Robert Kolb, destacar duas coisas: a prática da comunhão fechada não é algo que a Igreja inventou hoje. Ela é uma prática antiga, que remonta aos pais da Igreja. Com o passar dos anos, em territórios e entre grupos que não acreditavam na presença real do corpo e do sangue de Cristo na Santa Ceia é que se passou a admitir todo mundo à Santa Ceia ou à práticas mais “abertas”. Possivelmente isso se deu porque várias denominações creem que é a fé do comungante que faz com que o corpo e o sangue de Cristo estejam presentes e sejam recebidos na Santa Ceia. Logo, o que não crê estaria recebendo apenas pão e vinho. Isso não está de acordo com o que a Escritura afirma, “a pessoa que comer do pão ou beber do cálice sem reconhecer que se trata do corpo do Senhor, estará sendo julgada ao comer e beber para o seu próprio castigo” (1Co 11.29).
O segundo destaque: há aqueles que dizem que a Missão da Igreja e a prática da comunhão fechada não podem andar juntas. Que essa prática atrapalha a missão, que ofende pessoas, etc. A história da Igreja mostra o contrário. A Igreja Antiga tinha a prática da comunhão fechada como regra e a Igreja não parava de crescer. Esse argumento, portanto, cai pelo crivo da História da Igreja. Cai pelo crivo da prática pastoral atual, pois o pastor luterano vai ensinar e orientar sobre a Santa Ceia e sobre o por quê de a Igreja Evangélica Luterana receber apenas seus membros na Santa Comunhão.
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